São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Moreira quer coordenar disputa por sua sucessão

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em encontro fechado, realizado fora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Moreira Ferreira reuniu, sexta-feira, um grupo de 15 empresários que o apóiam, para discutir a sucessão na presidência da entidade.
"Queremos uma chapa de consenso. A situação pretende ter um candidato e eu não abro mão de coordenar essa candidatura", diz Moreira Ferreira.
As eleições só deverão ser realizadas em meados de 1998 e é sabido que não interessava à atual diretoria antecipar a disputa. O processo, contudo, foi atropelado -principalmente pelas articulações de Joseph Couri, do Simpi (que reúne micros e pequenas indústrias), o primeiro a se lançar candidato.
Para a reunião, realizada no Sesi da Vila Leopoldina, na Lapa, Moreira Ferreira convidou, além de diretores, empresários que não participam de sua administração.
Embora tivessem sido informados, os candidatos -declarados ou aspirantes- não participaram do encontro. O presidente da Fiesp achou que a presença deles tiraria a liberdade dos convidados e poderia dar margem a interpretações sobre eventual direcionamento.
Além de Couri, Max Schrappe (atual vice-presidente) já se apresenta como candidato. Também estão bem cotados para suceder Moreira Ferreira os empresários Horácio Lafer Piva (da Klabin) e Luiz Fernando Furlan (da Sadia). Recentemente, outros nomes foram aventados, como o de Aldo Lorenzetti. Roberto Nicolau Jeha, um dos antigos postulantes, já declarou que não será candidato.
Quem controla
O encontro sugere que as primeiras candidaturas evoluíram mais rapidamente do que o previsto, e que o atual presidente não quer perder o controle do processo.
Nessa primeira reunião de avaliação, não houve definição de nomes. "Existe muita especulação, mas não há nenhum compromisso. Não existe um 'candidato-de-bolso-de-colete' ou candidato do presidente. Isso acabou", diz Moreira Ferreira.
Ele diz que repele qualquer sugestão de tentar reformular os estatutos para disputar a reeleição.
Foi consensual, na reunião, que o candidato oficial deverá ter, como diz o presidente, "densidade nos dois colégios" (apoio eleitoral confirmado tanto na Fiesp quanto no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Essa exigência sugere que é forte a possibilidade de uma nova divisão no eleitorado da indústria paulista, pois Couri conta com maior apoio no Ciesp, no interior do Estado, e tem de superar antigas e profundas resistências na Fiesp.
Formalmente, o encontro da Vila Leopoldina foi uma consulta ao grupo mais próximo de Ferreira.
Esse colégio ficou encarregado de formular, em dois meses, o ideário da situação. A partir daí Ferreira fará entrevistas formais com todos os candidatos.
Alguns analistas questionam se os interessados em comandar a pirâmide da avenida Paulista cumprirão esse calendário para obter o apoio oficial do presidente.

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