São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

. Ambientalismo
Capital, trabalho e natureza sempre foram considerados, desde os primórdios do capitalismo, os três vértices fundamentais do sistema. Com a aceleração do desenvolvimento industrial e o desenvolvimento do sindicalismo, a economia passou a ser vista cada vez mais como universo das relações entre capital e trabalho. No século 20, entretanto, o naturalismo foi ganhando força política e prestígio intelectual.
Hoje, o conceito de desenvolvimento sustentável está consagrado, ainda que a realidade esteja muito longe de modelos virtuosos, tanto nos países mais desenvolvidos quanto nos mais atrasados. No comércio internacional, o debate sobre garantias ambientais ganha força, enquanto as agências de financiamento a investimentos exigem estudos de impacto ambiental para julgarem a liberação de recursos.

. Consumismo
Para os economistas conservadores, o consumidor é um rei, para os críticos do sistema, um ingênuo hipnotizado por um fetiche. Na prática, embora o capitalismo do século 20 seja frequentemente lembrado pelas inovações tecnológicas, pelas crises financeiras e pelo desemprego em massa, pode-se dizer que a história econômica dos últimos cem anos foi também a história das modas, da produção em grande escala para sociedades de consumo de massa e mesmo do desenvolvimento de formas cada vez mais complexas de sedução do consumidor.

. Globalização
É a nova expressão para um fenômeno antigo, a organização de empresas e economias em escala planetária. No século 19, falava-se em "imperialismo", palavra que acabou carregada de uma conotação crítica e reativa.
Na segunda metade do século 20, a internacionalização das empresas começa a ganhar cada vez mais força. Nos anos 50 e 60, o destaque maior é a expansão das multinacionais. Nos anos 70 e 80, a vanguarda vai para bancos e outras instituições financeiras, cujo poder aumenta com a crise da dívida externa dos países em desenvolvimento. Nos anos 90, além das multinacionais e dos bancos globais, ganham força os processos de liberalização comercial, culminando com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Para os otimistas, trata-se de um movimento histórico cuja essência é o avanço da economia de mercado em todo o planeta, quebrando barreiras institucionais, culturais e econômicas. Para os pessimistas, a globalização é sobretudo financeira, animada por uma disponibilidade sem precedentes de dinheiro ocioso num mundo que cresce pouco, desemprega muito e convive, ainda, com formas cada vez mais sofisticadas de exclusão social e desigualdade tecnológica.

. Oligopolização
Ocorre quando um grupo pequeno de grandes empresas domina um mercado. Com globalização ou regionalização, nos últimos anos ocorreu uma concentração de poder econômico em vários mercados importantes.
Empresas aéreas, telecomunicações, petróleo, bancos, hotelaria, automóveis, entretenimento, informática, a lista de setores onde o poder econômico vem ficando mais concentrado é longa. Fusões, alianças estratégicas, redes e parcerias multiplicam-se enquanto aumenta o número de empresas que não sobrevivem à globalização ou que, sozinhas, não concentram capital suficiente para investir em novas tecnologias. As privatizações também criam oportunidades de globalização para as grandes empresas.
Para os otimistas, o surgimento de grandes empresas e redes nos vários setores multiplica as possibilidades de investimento, desenvolvimento tecnológico e globalização. Para os pessimistas, a consolidação dos grandes grupos geralmente produz desemprego em grande escala, impede a democratização das novas tecnologias e cria uma nova elite politicamente conservadora.

. Regionalização
É a maior prova de que a globalização é um processo em aberto, pois, na prática, os governos e as empresas tentam criar espaços protegidos de uma suposta abertura comercial, produtiva e financeira sem limites.
Estados Unidos, Canadá e México formaram a Área de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) que surgiu como resposta ao que alguns anos atrás ficou conhecida como a "Fortaleza Europa" (União Européia). Há também o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), assim como a proposta defendida pelo Brasil de uma Área de Livre Comércio da América do Sul. Na Ásia há várias organizações, como o fórum de Cooperação do Pacífico Asiático (Apec), que defende o "regionalismo aberto" e inclui EUA, México e Chile.
Para a Organização Mundial do Comércio, o regionalismo não é necessariamente uma ameaça à globalização, mas para que o protecionismo não volte com a força que teve no início do século, a instituição quer promover mais negociações entre as partes. Para os otimistas, os processos de integração regional são apenas passos intermediários que conduzirão, no futuro, a uma economia mundial totalmente liberalizada. Para os pessimistas, o regionalismo atrasa a liberalização e recria o protecionismo.

Texto Anterior: DIREITO
Próximo Texto: EDUCAÇÃO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.