São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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INTERNET

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

. Convergência
Uma das tendências que se firmam no acesso à Internet é a convergência de aparelhos. Já existem telefones, celulares, pagers, TVs e PDAs (Personal Digital Assistant) e quiosques com alguma capacidade de conexão à rede.
Estas novas máquinas mistas não são propriamente computadores, mas são capazes de desempenhar algumas tarefas que hoje são feitas pelo computador. O resultado é que o computador se dilui no cotidiano e se torna relativamente invisível. O mote do fabricante de computadores Sun, de que "o computador é a rede", nunca foi tão verdadeiro.
Alguns gurus predizem que o PC vai vender cada vez mais. Outros, que as vendas vão decrescer. Mas todos são unânimes em prever uma multiplicidade de máquinas mistas, híbridos de computador e outros utilitários. Gordon Bell, cientista que desenvolveu o computador VAX, da Digital, cita o TC, um PC que se conecta a cabo e dá acesso à Internet e TV. Larry Ellison, fundador da Oracle, criou o conceito do NC ("network computer"), semelhante ao TC, um computador sem disco rígido, que se conecta à Internet ou redes locais. Os primeiros modelos foram fabricados pela Sun.
Os PDAs (Personal Digital Assistant) já existem há algum tempo, mas só agora começam a emplacar. São computadores de bolso, que se comunicam com o computador, geralmente reconhecem escrita manual (caneta eletrônica). São como agendas sofisticadas, mas versões futuras devem vir com capacidade de acesso à Internet e até Windows -a Microsoft está desenvolvendo uma versão compacta de seu sistema operacional, o Windows CE, para ser usada em computadores de mão.
Outros exemplos são novos telefones, com vídeo e acesso à Internet. Empresas como a Lucent Technologies trabalham no desenvolvimento de softwares que conectam telefones a redes inteligentes. Há ainda aparelhos como a WebTV, uma caixa que conecta a televisão à Internet, ou TVs especiais que permitem acesso à rede.

. Padronização
Um dos pontos-chave da Internet é que ela possibilita uma língua comum básica para que diferentes redes e máquinas falem entre si. Este movimento atravessa uma segunda fase, com as intranets -redes corporativas baseadas no ambiente da Internet, que trazem para dentro de ambientes fechados os padrões da Internet, tornando as redes um continuum, com a mesma aparência e as mesmas regras de operação. Mas as grandes batalhas tecnológicas da Internet ainda vão ser travadas em torno de padronização. Há muitas questões em aberto -padrões de áudio, vídeo, de transmissão simultânea, de programação de páginas de Web. De um modo geral a Internet até agora tem empurrado a indústria de informática para padrões abertos -ao contrário da fase anterior, em que as empresas detentoras de padrões proprietários vitoriosos monopolizavam o mercado.

. Personalização
Errou quem disse que informação era poder. Nunca ela foi tão barata e abundante. O problema do século passado, de obtenção de informação, foi resolvido pela mídia. Com a Internet, a solução se agudizou e se tornou problema -a grande questão é como se livrar da informação inútil.
Entram em cena mecanismos de personalização e seleção de informação, desde agentes que procuram o melhor preço de determinado produto até programas que procuram detectar as preferências do usuário e recomendar entretenimento e informação adequados a ele. A Internet destrói com facilidade o contexto, já que informação totalmente distante e irrelevante pode ser pescada com a mesma facilidade que dados relevantes e contextualizados.
Além disso, elimina os filtros da mídia convencional, nos quais basicamente publicar ou transmitir custa caro, o que em si já constitui um filtro. Os mecanismos de personalização, que ainda estão na infância, tentarão reconstruir o contexto e a relevância da informação. Esse filtros hão de ter vantagens, mas também inconvenientes: da mesma forma que o espectro de poções possíveis é demasiado vasto na Internet, o filtro dos "personalizadores" pode se revelar demasiado estreito, isolando o usuário em um perfil preestabelecido.
Mas, de qualquer forma, estamos num momento em que o acesso à informação ainda é uma questão. À medida que a informação pura e simples se torna commodity, a construção de contexto e a eliminação do ruído se tornam prioridades.

. Ubiquidade
Não só a Internet, mas todo o aparato da indústria de telecomunicações caminha para possibilitar a comunicação ubíqua e simplificada. Telefones globais, com um único número de acesso, redes de cabo e telefonia digital, aparelhos que combinam correio eletrônico, voz, fax etc. possibilitam isso. Claro que a realidade nunca é tão simples. Dois terços da população mundial, hoje, nasce e morre sem dar um telefonema -isso é suficiente para destruir fantasias de um mundo conectado. Existe sim, uma superestrutura privilegiada, cada vez mais dependente de comunicação e acesso à informação.

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