São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

. Televisão digital
Dentro de oito anos, todas as emissoras de TV dos EUA estarão transmitindo com esta nova tecnologia, que representa a maior transformação da história da TV desde a introdução da cor em 1953. Até o Natal de 1998, os primeiros aparelhos digitais estarão recebendo os sinais das principais emissoras dos sete maiores mercados de TV do país.
A TV digital vai oferecer imagens tão nítidas quanto as do cinema e som tão límpido quanto o de CDs. O sinal digital acomoda mais informação do que o analógico, atualmente em uso.
Por isso, com ele é possível obter o efeito de cores mais definidas, imagens mais claras e melhor som em comparação com a TV analógica usada até aqui.
Os novos aparelhos receptores terão telas menos curvas que as atuais, quase como as de cinema. As câmeras poderão transmitir cenas com ângulos mais amplos do que os possíveis hoje em dia.
A TV digital também vai proporcionar a oportunidade de as emissoras transmitirem informações adicionais.
Por exemplo: enquanto um jogo de futebol está sendo mostrado, o telespectador poderá acessar um banco de dados com as estatísticas dos times, dos jogadores ou do campeonato, que irão aparecer em parte da tela quando ele quiser.
Os primeiros receptores vão custar em torno de US$ 2.500 cada. Mas, como acontece com cada nova tecnologia que se introduz no mercado, o preço tende a cair rapidamente à medida que a sua utilização se universaliza.
Pela regulamentação baixada pelo governo dos EUA na semana passada, as emissoras têm que começar a instalar os equipamentos necessários para a transmissão de sinais digitais já, para poderem iniciar operações em até 18 meses. A princípio, todas as emissoras vão manter dois canais: um analógico e um digital. Em 2006, elas poderão dispensar o canal analógico.
Os receptores analógicos poderão receber sinais digitais com um conversor, que terá um custo aproximado de US$ 200. Mas a imagem e o som com o conversor não terão a mesma qualidade dos obtidos com um aparelho digital.
As emissoras também terão que reformar seus arquivos para poderem transmitir programas produzidos no sistema analógico.
Executivos das emissoras calculam que cada afiliada de redes nacionais vá ter que investir cerca de US$ 2 milhões para usarem o novo sistema e, cada rede, em torno de US$ 200 milhões.

. WebTV
Um aparelho de TV capaz de funcionar como uma tela de computador para o consumidor acessar a Internet. Ele já existe nos EUA. Mas, por enquanto, só 70 mil unidades, ao preço de US$ 350 cada, estão em uso, quase todos em casas de pessoas idosas, que os preferem aos computadores por serem mais simples.
Na semana passada, a Microsoft anunciou que está investindo US$ 425 milhões no sistema. Aliada à Intel e à Compaq, ela pretende ganhar o mercado da TV digital. A WebTV usará menos linhas na tela para informação visual, de modo a permitir que mais informação de databases possa ser transmitida.
Os produtores de computadores prometem que, a partir de 1998, todo PC colocado à venda nos EUA será também um receptor de TV. O mercado de PCs nos EUA é de 15 milhões de unidades vendidas por ano. Em 2003, quando a indústria da TV digital espera estar chegando a 20% dos domicílios, os fabricantes de PCs contam já tê-la ultrapassado de maneira irreversível.
Quem já estiver com sua WebTV, argumenta a indústria de computadores, não irá comprar uma TV digital.

. Smart
É o novo sistema de aferição da audiência de TV, no qual as três grandes redes nacionais dos EUA estão investindo US$ 40 milhões para desbancar a Nielsen, que há 50 anos domina o setor.
O mercado de US$ 46 bilhões da publicidade na TV depende, de maneira vital, dos índices de audiência registrados pela Nielsen. As grandes redes, que, segundo esses índices, têm perdido telespectadores a cada ano, vêm questionando a metodologia da Nielsen como ultrapassada e enganosa. Pretendem mostrar que a Smart é melhor.
A Nielsen usa uma aparelhagem técnica considerada de difícil utilização, instalada em 4.000 domicílios nas 36 maiores cidades do país, e questionários em papel nas demais.
A Smart promete usar um sistema muito mais simples e atraente, até mesmo para crianças, que são um segmento importantíssimo do mercado e que, segundo as grandes redes, têm tido o seu comportamento como audiência distorcido pela Nielsen.
Esta não é a primeira vez que se tenta desbancar a Nielsen. Mas nunca, antes, um grupo tão poderoso se juntou com esse objetivo. Além de CBS, NBC e ABC, três grandes patrocinadores da TV (AT&T, General Motors e Procter & Gamble) e dez das maiores agências publicitárias dos EUA (entre elas a J. Walter Thompson, Leo Burnett e McCann Erickson) resolveram apostar na empresa Statistical Research, que concebeu o Smart (System for Measuring and Reporting Television).
A Statistical Research, de Nova York, é conhecida pelo bom trabalho que faz na aferição da audiência de rádio. O Smart está em fase de testes e poderá entrar em operação em 1998. Segundo os dados iniciais, ele consegue níveis de cooperação das famílias participantes de 60%, contra 44%, em média, da Nielsen.

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