São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997 |
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Falantes do espanhol discutem futuro da língua The Independent de Londres ELIZABETH NASH
Naquela época o espanhol era a língua falada em um país do sul da Europa. Hoje, é o idioma principal de 20 países. Até o final do século, será falado por 400 milhões. Semana passada, o rei da Espanha, dois laureados com o Prêmio Nobel e centenas de especialistas se reuniram em Zacatecas, no México, para participar da Primeira Conferência Internacional da Língua Espanhola. Concluíram que o espanhol tem um futuro brilhante. "Somos os donos e usuários de uma das quatro maiores línguas do futuro próximo. As outras são o inglês, o árabe e o chinês", disse o espanhol Camilo José Cela, Nobel de Literatura em 1989. Os conquistadores espanhóis criaram em toda a América uma coisa que chamaram de "criollismo": uma sociedade indígena permeada de variações étnicas e linguísticas, estendendo-se do Rio Grande até a Terra do Fogo e que, apesar de suas diferenças imensas, falava uma língua comum. "Dormimos com muitas mulheres, mas também nos casamos com elas" -é assim que um espanhol descreve um processo que diferiu fundamentalmente do que os ingleses fizeram na Índia ou os franceses, na África. A frase cunhada por George Bernard Shaw, segundo a qual Reino Unido e EUA são divididos por uma língua comum, jamais poderia ser aplicada às relações entre a Espanha e os países latino-americanos. Eles se entendem, sim, ainda que algumas palavras acabaram adquirindo significados completamente diferentes em diferentes países de língua espanhola. Alguns exemplos são tão sugestivos que a edição internacional do "El País" é obrigado a tomar extremo cuidado com suas manchetes, para evitar palavras como "concha" ou "coger" (pegar ou agarrar), que, na Argentina, são obscenas. Enquanto isso, a palavra usada no Chile para designar corrida de cavalos -"la polla"- jamais seria impressa num jornal da Espanha, onde quer dizer pênis. Muita coisa vem sendo escrita ultimamente sobre o Spanglish, o dialeto falado por nova-iorquinos originários de Porto Rico e da República Dominicana. A situação é a mesma em Gibraltar, onde se pode ouvir pessoas dizendo coisas como "yo quiero un tube of toothpaste pero el pink one" ("quero um tubo de pasta de dentes, mas o cor-de-rosa"). Por alguma razão, o verbo tende a ficar em espanhol. Se o Spanglish é a infiltração do espanhol no inglês, durante a maior parte do século o processo foi o inverso -daí a aceitação de "sandwich" e "modem". Tradução de Clara Allain Texto Anterior: A moda que vem de fora Próximo Texto: Polícia acha explosivos em Sarajevo Índice |
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