São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Armani acessível

GABRIELA MICHELOTTI

Estilista italiano abre sua loja em São Paulo com preços de Nova York
Até esta semana, Giorgio Armani havia tido apenas três ligações com o Brasil: o Carnaval de 1987, em que passou anônimo pelo sambódromo do Rio, uma loja que faliu com o seu nome, mas com produtos fabricados em São Paulo, e a paixão por Ayrton Senna.
Agora, Armani tem outros motivos para falar do Brasil. Sua primeira loja com a grife Emporio Armani abre ao público paulistano na quarta-feira, com a mesma coleção hoje vista na Europa e nos EUA e, o que é melhor, com os mesmos preços de Nova York.
*
Revista - Por que escolheu São Paulo para abrir sua primeira loja na América Latina?
Giorgio Armani - Em nossas pesquisas de mercado, São Paulo emerge como uma capital internacional e como o centro de negócios mais importante do continente.
Revista - Depois do Emporio Armani, há planos para abrir uma loja Giorgio Armani na cidade?
Armani - O Emporio Armani é o primeiro contato com o mercado da América Latina, que não conhecemos ao vivo. Se ele responder nossas expectativas, ficaremos muito felizes em abrir uma butique Giorgio Armani.
Revista - Você já teve uma loja em São Paulo, que não deu certo. O que mudou agora?
Armani - Quando se está à frente dos tempos, muitas vezes erra-se. Acredito que em poucos anos a realidade social do Brasil mudou e estou certo de que o produto Emporio Armani será recebido satisfatoriamente agora.
Revista - Quanto foi investido no país?
Armani - É um investimento tão importante quanto as lojas recentemente abertas em Nova York e Londres.
Revista - O que você acha dos brasileiros?
Armani - Como todos os latinos (italianos incluídos), eles têm um grande senso estético, uma propensão para ver a moda como um elemento vital e a vaidade saudável.
Revista - Você conhece a moda brasileira?
Armani - Tenho de confessar minha total ignorância nesse assunto, mas acredito que isso não é presunção.
Revista - Você se considera o estilista mais importante na Itália ou no mundo?
Armani - Não sou eu quem vou dizer isso, mas estou certo de que tenho um nome e uma popularidade fortíssimos, fruto de 30 anos de trabalho duro.
Revista - Como você vê sua influência na moda dos anos 80 e 90?
Armani - Como um prêmio. Ser tão copiado é o que me dá a medida de quantas intuições felizes tive com meu estilo e minha moda.
Revista - Durante a operação "Mãos Limpas", você confessou o suborno de fiscais italianos e teve de pagar R$ 100 mil. O que pensa disso agora?
Armani - Quero considerar esse episódio acabado, mas infelizmente ele pesou negativamente na minha psique por algum tempo, porque posso afirmar ter uma grande honestidade. Fui vítima, como tantos outros empreendedores, de um sistema que mudou ou, pelo menos, melhorou com a "Mãos Limpas".
Revista - Você muda seu estilo para manter-se entre os principais estilistas?
Armani - Não mudo o estilo, mas ele se transforma com base nas mudanças sociais e de costume. Sempre procuro manter os traçados do meu personalíssimo modo de ver a moda.
Revista - Com a ascensão de Prada, Gucci e Dolce & Gabbana, você se viu ameaçado?
Armani - Concorrência ferrenha aumenta o meu potencial criativo e serve de estímulo para ser mais agressivo em todos os mercados. A minha grife não sofre danos com o sucesso de outros.
Revista - Você se sente satisfeito?
Armani - Seria muita ingratidão se não estivesse satisfeito com tudo que a vida me deu em talento e capacidade para o exprimir.

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