São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Nova York é aqui

ALESSANDRA BLANCO; GABRIELA MICHELOTTI

Emporio Armani, Versace, Kenzo e Thierry Mugler iniciam a invasão das grifes internacionais no Brasil
POR ALESSANDRA BLANCO E GABRIELA MICHELOTTI
Em menos de cinco anos São Paulo vai estar para a moda assim como Nova York, Londres, Paris, Tóquio e Milão. Não se trata de uma súbita fama dos estilistas brasileiros pelo mundo, mas o contrário, uma verdadeira invasão de grifes internacionais no Brasil.
A previsão é dos analistas de mercado de moda europeus, e a explicação é bastante simples: Europa, EUA e Japão estão saturados por lojas, e a América Latina é considerada ainda "virgem", mas sedenta para o consumo, basta ver os números de turistas fazendo compras no exterior.
Armani
Assim, sendo São Paulo, segundo Giorgio Armani, o futuro centro de negócios do continente, quem chegar primeiro vai se dar melhor, e Versace, Kenzo e o próprio Armani estão apostando nisso.
Com uma águia de alumínio de 7 metros de largura por 2,5 metros de altura na fachada, um total de 600 m2 divididos em cinco departamentos -roupas de banho, roupa íntima e acessórios, jeans, departamento feminino, departamento masculino e um café, o primeiro Emporio Armani da América Latina abre suas portas quarta-feira na rua Bela Cintra, próximo à Oscar Freire, nos Jardins.
Estarão à venda todas as peças que formam hoje a coleção exposta nas lojas de Nova York -um total de 18 mil- e com o mesmo preço (já com os 8% de taxa acrescidos), só que podendo ser divididos em até três pagamentos.
Claro que isso não significa uma "popularização" de Armani em São Paulo. Um vestido de noite pode custar R$ 1.500, e uma camiseta, R$ 195, mas os proprietários acreditam que vão atingir todas as classes sociais com sua loja.
"Teremos vestidos caros, de noite, para a classe A, e uma caneta para quem quiser algo do Emporio Armani, mas não tem dinheiro para comprar", diz André Brett, um dos donos do Emporio e ex-proprietário da loja Giorgio Armani, que fechou em 1993.
Segundo Brett, o problema com sua primeira loja foi a limitação das importações no Brasil, que obrigava a produzir as peças Armani por aqui mesmo, mas sem a matéria-prima e a tecnologia necessárias.
Quanto ao Emporio Armani, tudo é importado, das roupas ao piso da loja, do celofane para pacotes ao gerente, Bernard Ramirez, que abandonou o comando da futura loja Armani no Boulevard Saint-Germain, em Paris, a maior do mundo, para cuidar da primeira loja no Brasil.
"Trabalhei três anos com Armani em Paris, sete com Jean-Paul Gaultier, achei que era hora de mudar. Adoro o Brasil, mas acho que a moda aqui é muito copiada de outros lugares. Eles não sabem usar as cores que têm. Achei que poderia ajudar", diz Ramirez.
Uma de suas missões no Brasil é cuidar dos 18 "promotores de venda" da loja, todos eles bilíngues (com opções para inglês, francês, italiano, alemão e até japonês), uma das exigências do próprio Armani, que controla cada detalhe de sua franquia brasileira.
A expectativa é que 65% dos compradores sejam mulheres. "A marca Armani tem uma imagem masculina muito forte, mas na verdade é a única com as duas coleções igualmente expressivas. Pela experiência que tenho com a loja de minha família na Suíça, a proporção é exatamente essa", diz Michelle Nasser, a outra proprietária.
Quanto à concorrência, eles não se preocupam com isso. "Somos Armani", diz Brett.
Versace
Não é o que pensa Fernanda Boghosian, uma das donas de outra grife italiana a apenas um quarteirão do Emporio Armani: Versace.
Fernanda abriu sua loja em São Paulo há sete meses e diz que vem tendo um faturamento satisfatório, o que vai fazer com que goste da concorrência. "Acho muito bom ter uma concorrência saudável, além de mostrar que o nosso passo foi certo, pois está sendo seguido", diz.
Em breve, outras lojas também deverão aumentar a disputa pelos consumidores dos Jardins. Ainda sem data definida, Kenzo abrirá sua loja exatamente em frente à de Versace e Thierry Mugler, na esquina da Bela Cintra com a Oscar Freire.
A preocupação agora fica com os estilistas brasileiros. Walter Rodrigues, especialista em roupa masculina, já se previne: "É claro que a concorrência é desleal. Eles têm mão-de-obra mais barata, melhor maquinaria e tecidos. Mas estamos falando de uma elite, que já viajava pelo menos para Miami."

ONDE ENCONTRAR Emporio Armani: r. Bela Cintra, 2.093, Jardins, tel. 852-2660. Versace: r. Bela Cintra, 2.209, tel. 280-8602. Fendi: r. Oscar Freire, 900, tel. 282-2578. Trussardi: r. Oscar Freire, 909, tel. 883-3884. Just Kenar, r. Bela Cintra, 2.151, tel. 3064-7601

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