São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Opiniões precárias

ADILSON DE FREITAS

Publicado nesta Folha (31/3), artigo intitulado "Formação precária nas faculdades de medicina" procura contestar a abertura do curso que a Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) acaba de instalar por meio de convênio com a Uni-Mauá.
A articulista, a médica sanitarista Regina Parizi Carvalho, que integra os conselhos Federal e Regional de Medicina, não mede esforços para demonstrar preocupação com a qualidade do ensino superior na área. Cita números, sem fazer uma análise socioeconômica dos problemas do setor.
A doutora deveria ter conhecimento de que a concentração de profissionais do setor em determinadas áreas do Estado se deve a fatores econômicos e sociais, responsáveis pelos desequilíbrios regionais. Além disso, nunca é demais lembrar, os vestibulares da Unaerp e da Uni-Mauá sempre foram disputados por candidatos de todas as partes do país.
Com opiniões tão precárias, fica evidente o interesse corporativista que, em vão, ela tenta camuflar em seu artigo.
Quanto às mensalidades das universidades particulares, que no caso da Unaerp e da Uni-Mauá não têm os patamares insinuados pela missivista, é preciso deixar claro que não existe ensino gratuito no brasil. O aluno das universidades públicas é mantido com o dinheiro do contribuinte, inclusive dos pobres, e seu custo não é baixo.
Também não procede a informação, contida no referido artigo, de que a abertura do curso de medicina recém-instalado em Ribeirão ainda se encontra em tramitação no MEC. A médica não deve desconhecer, pela posição que ocupa, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada no "Diário Oficial da União" de 23/12, concede autonomia às universidades para criar cursos.
O novo curso não será ministrado por aventureiros. A Universidade de Ribeirão Preto teve origem há 73 anos, quando se instalou o primeiro curso superior na região onde está sediada. Curso este, por coincidência, da área da saúde. A Uni-Mauá também tem grande tradição no setor.
Por isso, o novo curso já nasce com uma estrutura que dispõe de 37 laboratórios, dois ambulatórios, mais de mil microscópios, biblioteca com cerca de 100 mil livros e várias outras instalações.
Convém ressaltar que a Unaerp já ministra cursos de odontologia, farmácia e fisioterapia, e a Uni-Mauá, nas áreas de biomedicina e enfermagem.
O corpo docente de todas essas áreas de ensino é formado por doutores, mestres e especialistas, condições que também serão obrigatórias para os professores do novo curso de medicina.
O espaço não permite maiores explanações. Fica, então, o convite para a doutora Regina visitar as instalações da Unaerp e da Uni-Mauá, que, juntas, possuem cerca de 80 mil m2 de área construída. Constatará, entre outros fatos, que a relação de 31 alunos por vaga do nosso vestibular, superior ao registrado na Fuvest, não é mero acaso.

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