São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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GENTE QUE FEZ

FREDERICO VASCONCELOS

Alexandre 6º (1431-1503), papa espanhol - Rodrigo Borja y Doms, sobrinho do papa Calisto 3º, que o fez cardeal aos 24 anos. Atuou na corte papal por mais de três décadas, contribuindo, como representante da Igreja na Espanha, para a união das coroas de Castela e Aragão. De vida dissoluta, tinha quatro filhos, entre os quais César, de Lucrécia Bórgia, quando chegou ao trono da Igreja, em 1492. Tomou parte nas lutas da Itália, combateu os turcos e praticou o mais claro nepotismo -seu filho César tornou-se cardeal aos 18 anos. Em seu pontificado, firmou-se o Tratado de Tordesilhas (1494), em que Espanha e Portugal se punham de acordo sobre as terras descobertas e por descobrir.

Bartolomeu Dias (?-1500), navegador português - Em 1487, à frente de três caravelas, deu sequência às explorações de Diogo Cão na costa da África. Durante uma tempestade de 14 dias, passou sem perceber pelo cabo da Boa Esperança, até alcançar o rio Great Fish, na costa oriental do continente, abrindo o caminho marítimo para as Índias. Na volta, descobriu o cabo da Boa Esperança, que chamou então de cabo das Tormentas. Em 1497, acompanhou a expedição de Vasco da Gama às Índias. Em 1500, comandou uma das naus da armada de Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil e, ao retomar a viagem rumo às Índias, naufragou nas proximidades do cabo da Boa Esperança.

Pero Vaz de Caminha (c. 1450-1500), escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral - Membro de uma família do Porto, foi mestre da Balança da Casa da Moeda e vereador. Escrivão, interessava-se sobretudo pelos aspectos comerciais da expedição. Foi autor da carta ao rei Manuel 1º, de 1º de maio de 1500, em que relata o Descobrimento do Brasil, descreve o contato com os indígenas e fala da terra, a qual "querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo...". Morreu em Calicute, Índias, durante ataque à feitoria portuguesa. A carta foi conservada na torre do Tombo, em Lisboa, e permaneceu inédita até 1817, quando foi publicada na "Corografia Brasileira", do padre Manuel Aires do Casal.

Américo Vespúcio (1454-1512), navegador italiano - Estudou astronomia e geografia, dedicando-se ainda ao comércio. Estabelecido na Espanha, acompanhou as explorações marítimas e, em 1497, teria armado quatro naus rumo às Índias. Em 1499, esteve na esquadra de Alonso de Ojeda, que explorou a América do Sul e, dois anos depois, foi encarregado por Manuel 1º, de Portugal, a atingir o Brasil, explorando a costa -concluiu que Colombo chegara a um novo mundo. Retornou em 1503, na expedição de Gonçalo Coelho. De volta à Espanha, foi nomeado piloto-mor. Em "Cosmographiae Introductio" (1507), o alemão Martin Waldseem Mueller adotou o nome América (terra de Américo) para o Novo Mundo.

João 2º, o Príncipe Perfeito (1455-1495), rei de Portugal - Proclamado rei em 1477, começou a reinar em 1481, fortalecendo a monarquia e a expansão marítima. Durante seu reinado, Diogo Cão descobriu a foz do rio Congo, e Bartolomeu Dias dobrou o cabo das Tormentas -que o rei denominou da Boa Esperança, por abrir passagem para as Índias-. O rei negou auxílio a Cristóvão Colombo quando quis atingir as Índias pelo oeste. Superou conspirações e executou o duque de Bragança com as próprias mãos. Estabeleceu com os espanhóis o Tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas a partir do meridiano tirado a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.

Vasco da Gama (1460-1524), navegador português - De origem nobre, integrou diversas expedições portuguesas à costa ocidental africana. Em 1497, comandou a armada que deveria chegar às Índias pelo caminho descoberto por Bartolomeu Dias dez anos antes. À frente de 160 homens e quatro navios, deixou Lisboa em julho, dobrou o cabo da Boa Esperança em novembro e chegou a Calicute, no litoral de Malabar, em maio de 1498, inaugurando o caminho marítimo para as Índias -voltou a Lisboa no dia 9 de setembro de 1499. Em 1502, retornou, bombardeou Calicute e criou feitorias. Sua terceira viagem, como vice-rei, ocorreu em 1524. Gama morreu na cidade de Cochim, Índia.

Pedro Álvares Cabral (c. 1467-1520), fidalgo e navegador português - De família tradicional, estudou humanidades e tinha cerca de 30 anos quando comandou a segunda expedição às Índias, que partiu de Lisboa em 8 de março de 1500, com 13 navios e 1.500 homens. Na altura das ilhas de Cabo Verde, desviou-se da África e, por acaso ou intenção, chegou ao Brasil no dia 22 de abril. Depois da descoberta, conduziu a expedição às Índias, fundou feitorias e deu início ao comércio regular da região com Portugal. Ao voltar, foi recebido com honras por dom Manuel 1º, mas se desentendeu com o rei por não aceitar dividir o comando da nova expedição. Cabral retirou-se para Santarém e morreu esquecido.

Manuel 1º, o Venturoso (1469-1521), rei de Portugal - Sucedeu a João 2º, seu cunhado, em 1495, em um momento de ascensão econômica e política do país. Durante seu reinado, Vasco da Gama chegou às Índias, Pedro Álvares Cabral, ao Brasil, Gaspar de Corte Real atingiu o Canadá e Afonso de Albuquerque conquistou Ormuz, Goa e Málaca. Monarca absoluto, restringiu o poder da nobreza, reorganizou o sistema tributário e estabeleceu o corpo de leis das Ordenações Manuelinas, além de ter construído o Mosteiro dos Jerônimos, no estilo chamado "manuelino". Expulsou os judeus, permitindo que permanecessem no reino aqueles que se convertessem, os cristãos-novos.

Mestre João (séculos 15 e 16) - Seu nome era João Faras. Médico, matemático e astrólogo de dom Manuel 1º, participou da expedição de Pedro Álvares Cabral como físico-mor. Era ele quem fazia os cálculos que traçaram os rumos da armada. Em carta dirigida ao rei, datada de 1º de maio de 1500, registrou as observações astronômicas que fez no Brasil no dia do Descobrimento, como a localização e o nome da constelação do Cruzeiro do Sul. A carta seguiu para Portugal com a de Pero Vaz de Caminha, Pedro Álvares Cabral e outros capitães -salvo a de Caminha e a de mestre João, as demais se perderam. Era escrita em espanhol, o que leva a crer que não fosse português.

Frei Henrique de Coimbra (?-1532), religioso português - Chefe da missão de frades menores franciscanos que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral às Índias, celebrou a primeira -dia 26 de abril de 1500, no ilhéu da Coroa Vermelha, na baía Cabrália- e a segunda -dia 1º de maio, em terra firme- missas no Brasil. Organizou o trabalho missionário nas Índias, foi designado bispo de Ceuta (África) em 1505 e governador da arquidiocese de Lisboa em 1528. Foi confessor do rei. Era desembargador antes de se ordenar no convento de Alenquer. Segundo historiadores, ele viveu em Coimbra, e seu nome era Henrique Soares.
(FV)

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