São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997 |
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Branco inspira álcool e malícia
MARISTELA DO VALLE
"Os pataxós até já perderam sua língua", relata Everal Vergílio da Silva, secretário da Agricultura de Porto Seguro. Para ele, o estilo de vida do índio mudou porque ele tem um espaço menor para suas atividades típicas, como cultivar a terra. O secretário conta que os habitantes da aldeia de Barra Velha (entre Caraívas e Prado) ainda queimam a mata para plantar. Antes, podiam procurar terras férteis. Para resolver esse problema, a secretaria tem um projeto para introduzir na reserva de Boca da Mata, perto do monte Pascoal, um sistema de agrofloresta. Os índios plantariam cerca 100 mil árvores frutíferas para consumo próprio, com mudas doadas pela prefeitura. O excedente seria aproveitado para a agroindústria. Ver o mar O cacique Itambé morava na mata, num local distante do litoral, e foi para Coroa Vermelha devido à curiosidade despertada pelas histórias que seu pai contava sobre o Descobrimento. "Queria saber também como era o mar." Itambé conta que resolveu ficar ali porque gostou. Para ele, as razões que atraíram os outros índios, porém, foram outras. "Eles vieram por causa do dinheiro que os homens brancos davam." Hoje, porém, o "caimbá" (dinheiro) está difícil para os pataxós da região, segundo o índio Boré, 76. Para ele, isso ocorre porque os turistas viajam pelo esquema de pacote e não trazem dinheiro. (MV) Texto Anterior: Nativos podem ser expulsos da região Próximo Texto: Estudantes aprenderão história "in loco" Índice |
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