São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UNE e CUT disputam lugar no protesto

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A UNE (União Nacional dos Estudantes) tentou tirar o espaço da CUT (Central Única dos Trabalhadores) na caminhada dos trabalhadores urbanos a favor da reforma agrária.
A central programou um encontro com o grupo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no Eixão Sul de Brasília, na parte da manhã.
Com o melhor carro de som da mobilização, os estudantes tentaram fazer uma manifestação em separado, com a intenção de saudar os rurais antes da CUT.
O plano, porém, não havia sido comunicado à central, que forçou os estudantes a se juntarem ao grupo dos trabalhadores urbanos.
O grupo organizado pela CUT saiu do circo montado pelos metalúrgicos na Esplanada às 10h para encontrar os rurais.
Os integrantes da Executiva Nacional da CUT seguiram na frente, de braços dados, e cerca de 10 mil trabalhadores, segundo os organizadores, seguiram atrás.
Engano
Uma hora depois, o primeiro caminhão de som da CUT avistou um grupo à frente e um integrante da executiva anunciou, com muita emoção, que estava chegando a hora do encontro dos trabalhadores urbanos com os rurais.
"Este é o dia mais importante da classe trabalhadora", anunciou no microfone. Minutos depois, ele percebeu que o grupo à frente não era o MST e sim estudantes ligados ao PC do B, que estavam esperando o grupo da CUT chegar.
O deputado federal e ex-presidente da UNE, Lindberg Farias (PC do B-RJ), justificou que os estudantes estavam ali para primeiro saudar os rurais com um abraço simbólico.
Os organizadores da CUT não gostaram da idéia e pediram para eles seguirem a manifestação atrás da bandeira da central. Os estudantes obedeceram.
Autógrafos
Os principais dirigentes da caminhada gastaram boa parte do tempo dando autógrafos em bonés, bandeiras e panfletos.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, chegou na Esplanada antes das 9h e ficou mais de 40 minutos tirando fotos e dando entrevistas para pequenos jornais de entidades sindicais.
"Os trabalhadores foram tão golpeados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso que agora estão reagindo, criando antivírus contra o ataque neoliberal", disse Vicentinho.
O ex-presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o líder dos sem-terra do Pontal, José Rainha Jr., também forma muito procurados para dar autógrafos.

Texto Anterior: O pior do mundo
Próximo Texto: MST reconhece erro e mantém expulsão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.