São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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O pior do mundo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sem-terra foram ao mundo, pela CNN, com elogios pela "marcha pacífica". Mais importante, diante de um grande mapa do Brasil:
- O Brasil, o maior país da América Latina, tem a pior distribuição de terra no mundo. Números oficiais mostram que metade das terras pertence a uns poucos ricos proprietários, enquanto centenas de milhares estão sem terra e desempregados...
Sem esquecer a centena de mortos na luta. Depois da brasileira, o MST sai para conquistar a opinião pública do globo.
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FHC deu exclusiva ao Jornal Nacional. Falou pela legalidade etc., mas sobretudo tentou seduzir o MST:
- Se nós nos dermos as mãos, vamos assentar mais. É o que nós temos que fazer.
"Nós", o MST. Mudou FHC.
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Também mudou a Globo. Frases de ontem:
- O presidente teve de reconhecer a força do movimento... A reforma agrária continuaria sendo adiada se não fosse o MST... Conquistou a opinião pública porque tem uma bandeira justa...
Mas claro que não faltaram ressalvas.
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Paulo Henrique Amorim, sempre à americana, fez o Jornal da Band direto da Esplanada dos Ministérios.
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O MST ocupou até a TV Senado. O canal cobriu os atos também direto da Esplanada. E com críticas de José Rainha ao próprio Congresso.
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Acaba amanhã o Aqui Agora, o experimento que mudou a cara do telejornalismo nestes anos 90.
Errou muitas vezes, mas também acertou, e até os erros, na verdade, tinham a cara da mudança, do risco.
Deixa um marco na história da televisão brasileira, com a irreverência, com o "tempo real", a "dramaturgia" do telejornalismo.

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