São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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MST reconhece erro e mantém expulsão

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MST decidiu ontem não reintegrar à marcha as três pessoas que foram expulsas do acampamento na terça-feira acusadas de serem agentes infiltrados da Polícia Militar, embora tenha reconhecido que as acusações não tinham fundamento.
"Nós erramos ao acusá-los de serem da PM, mas iríamos expulsá-los de qualquer jeito porque eles eram indisciplinados e quebraram uma série de regras da marcha", disse Gilmar Mauro, da direção nacional do MST.
Segundo ele, a coordenação da marcha Sul-Sudeste -que decidiu pela expulsão e anunciou as suspeitas no meio de uma assembléia- não foi precipitada.
"Os indícios eram fortes demais e não dava para esperar porque a marcha já estava perto de Brasília. Além disso, eles seriam expulsos de qualquer maneira por mau comportamento", disse Mauro.
Ele afirmou que os três expulsos formavam "panelinhas" e isolavam-se do resto do grupo, bebiam mais do que o permitido e saiam muito do acampamento.
Mesmo assim, o MST divulgou nota pedindo desculpas à CUT (Central Única de Trabalhadores) por ter acusado o metalúrgico Elmo Pinheiro, 42, de ser agente infiltrado da PM.
Pinheiro estava desempregado desde 1992, mas foi militante do Sindicato dos Metalúrgicos de 79 a 87. Quando seu nome apareceu como um dos supostos agentes, houve manifestações de repúdio pelos diretores de várias entidades sindicais, inclusive de Vicente Paulo da Silva, presidente da CUT.
Pinheiro estava em Brasília ontem, mas não quis participar da marcha. Os outros dois acusados -a professora aposentada Marisa Zanirato, 43, e o balconista desempregado Edson Santana Amorim, 22- já haviam retornado a São Paulo.
O MST decidiu expulsar os três depois de achar um bilhete em que Pinheiro se identificava como "soldado em marcha" e pedia para que um certo "comandante Jorginho" deixasse "coisas com a companheira Marisa ou com Santana", se não conseguisse chegar ao local em que haviam marcado encontro.
O comandante Jorginho é, na verdade, Jorge Luís Martins, membro da executiva nacional da CUT. O bilhete foi escrito por Pinheiro em 8 de março, quando estavam perto de Orlândia.
(DF)

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