São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997 |
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Oposição faz de ato palanque eleitoral LUCAS FIGUEIREDO LUCAS FIGUEIREDO; DANIELA FALCÃO; AUGUSTO GAZIR; LUCIO VAZ
Logo à chegada da marcha na Esplanada dos Ministérios, o ex-governador do Rio Leonel Brizola (PDT) e o líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva monopolizavam as pregações contra o governo Fernando Henrique Cardoso. Brizola, apesar da insistência dos organizadores da manifestação para que subisse no carro de som, preferiu caminhar pelas barracas montadas pelos sem-terra, distribuindo autógrafos e tirando fotos. A empolgação era tanta que o pedetista chegou a assinar seu nome sobre a estrela branca da bandeira do Partido dos Trabalhadores. Brizola não se contentou com os cumprimentos e autógrafos. Chegou a defender a destituição de Fernando Henrique Cardoso. Afirmou que a população deveria fazer um plebiscito para decidir se FHC ficaria ou não no poder. "Temos de proceder como o povo do Equador. Se depender de mim, nós estamos destituindo o governo", disse Brizola, se referindo ao impeachment sofrido pelo ex-presidente do Equador, Abdalá Bucaram. O presidente do PT, José Dirceu, atacou FHC. "O discurso de que o governo não tem dinheiro é conversa. Falta vontade do presidente (para fazer a reforma agrária)." Foi José Rainha Jr., um dos líderes do MST, quem fez a defesa mais contundente da eleição de Lula no próximo ano. Ele comparou a marcha de ontem aos movimentos de 78 -greves no ABC- ("que derrubou o governo militar") e 92 ("que expulsou Collor"). Rainha disse que a marcha é um prenúncio da derrota de FHC nas eleições de 98 e que estava sentindo o mesmo clima favorável da campanha presidencial de 89. "Só que dessa vez vamos ganhar", disse, se referindo a uma eventual vitória de Lula. Ao final da tarde diante do Congresso Nacional, o ato em favor da reforma agrária se transformou em manifestação contra o governo Fernando Henrique. Os principais líderes da oposição pegaram "carona" no movimento dos sem-terra para protestar contra a política econômica, o programa de privatização, as reformas administrativa e da Previdência. O ato foi prejudicado pela forte chuva que caiu em Brasília, dispersando parte das cerca de 30 mil pessoas, segundo a polícia, que acompanhavam a marcha do MST. Até as 18h de ontem, já haviam falado no ato político o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, Leonel Brizola, o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), e o presidente do PC do B, João Amazonas. Estavam previstos ainda discursos de Lula e do líder dos sem-terra João Pedro Stédile. Vicentinho protestou contra o "abandono" dos funcionários públicos, o contrato temporário de trabalho e a reforma da Previdência. Chegou a dizer que "mais dia, menos dia, haverá uma greve geral do campo e da cidade". Distante 30 metros da concentração dos sem terra em frente ao Congresso, o líder ruralista Nelson Marquezzelli (PTB-SP) comentou: "Deviam ter esperado eles com carros de jatos d'água e cachorros. Falta segurança". O líder ruralista avaliou que o Congresso estava mal protegido: "Isto aqui deveria estar cheio de cachorro, só para amedrontar. E deveria ter policiais infiltrados no meio deles". O ruralista disse estar preocupado com a repercussão da marcha dos sem-terra. "Isto aqui é um estopim. Daqui a pouco, tem 15 milhões de 'nego' apoiando eles. Se fizer uma pesquisa daqui a uma semana, cai a popularidade do Fernando Henrique." Texto Anterior: MST planeja ação contra venda da Vale Próximo Texto: Oposição faz de ato palanque eleitoral Índice |
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