São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para BC, Bradesco viabilizou operações

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relatório do Banco Central contendo várias acusações contra bancos será entregue à CPI dos Precatórios. Os dois bancos citados de forma mais contundente são o Bradesco e o Boavista.
Sobre o Bradesco, o BC afirma que a decisão da instituição de comprar os títulos públicos é que viabilizou todo o processo. A respeito do Boavista, o BC indica que o banco teria falsificado prejuízo.
Com 1.492 páginas distribuídas em dez volumes, o relatório do BC trata apenas das operações com títulos públicos de Pernambuco.
Trata-se de um "relatório provisório e parcial", segundo o BC ressalta logo na primeira página do documento, ao qual a Folha teve acesso.
O papel do Bradesco, segundo o relatório, "foi de extrema relevância, tendo em vista que foi o adquirente final de 60% dos títulos emitidos" por Pernambuco.
O BC prossegue: "A viabilização de todas as séries de operações de compras e vendas definitivas, no mesmo dia, por pequenas distribuidoras e corretoras, só foi possível porque certamente existia a garantia de que, ao final, haveria uma instituição de grande porte para comprar os papéis".
A avaliação está em linha com o que pensam a maioria dos senadores da CPI, principalmente o relator Roberto Requião (PMDB-PR).
Para o BC, as pequenas corretoras intermediárias "não possuíam qualquer condição para adquirir os lotes, uma vez que os recursos envolvidos eram muito elevados".
A conclusão: "Caso não houvesse esse tomador final (o Bradesco), as demais operações teriam sido canceladas". O relatório faz uma ressalva. O Bradesco teve um lucro líquido de R$ 250 mil nas operações de compra, apesar de ter pago preços mais altos do que corretoras que intermediaram o negócio.
O lucro total das demais instituições que participaram das operações foi de R$ 68,367 milhões.
Boavista
O Boavista aparece no relatório por causa de um contrato que fez com outra instituição, o Banco Vetor. Por esse contrato, o Boavista tinha direito a receber uma comissão de R$ 7,2 milhões do Vetor.
O BC salienta que o dinheiro poderia ser pago, segundo o contrato, mesmo que o Boavista nada fizesse no lançamento dos títulos.
Segundo o BC, no mesmo período o Boavista realizou operações nas quais contabilizou prejuízo junto à empresa Montreal Assessoria, Consultoria e Planejamento.
"Essas negociações se revestem de intenção deliberada de apuração de prejuízo ou (...) repasse de lucros", diz o relatório.

Texto Anterior: Festa teve aspectos inusitados
Próximo Texto: Banco nega envolvimento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.