São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997 |
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Cara ao tempo
IDA E VOLTA
(nomeia) essa fenda imperceptível entre a imagem e seu nome, a sensação e a percepção: o tempo. A flecha do olho justo no branco do instante. Quatro brancos, QUATRO VARIAÇÕES SOBRE UM TRAPO BRANCO: o idêntico e o diferente, quatro caras do mesmo instantes. As quatro direções do espaço: o olho é o centro. O ponto de vista é o ponto de convergência. A cara da realidade, a cara de todos os dias, nunca é a mesma cara. Eclipse de sangue: a cara do operário assassinado, planeta caído no asfalto. Sob lençóis de seu riso escondem a cara AS LAVADEIRAS SUBTENDIDAS grandes nuvens penduradas dos terraços. Quieto, um momento! O RETRATO DO ETERNO: em um quarto obscuro um cacho de faíscas sobre uma torrente negra (o pente de prata eletriza um cabelo negro e lasso). O tempo não cessa de fluir, o tempo não cessa de inventar, não cessa o tempo não cessa, o brotar das aparições. AS BOCAS DO RIO dizem rios. A realidade tem sempre outra cara, a cara de todos os dias a que nunca vemos, a outra cara do tempo. Manuel: empresta-me o seu cavalinho de pau para ir ao outro lado deste lado. A realidade é mais real em branco e preto. *As palavras em maiúsculas são títulos de fotografias de Manual Álvares Bravo. Texto Anterior: A América descobre seu Bravo Próximo Texto: Ricardo 3º discute 'herói-vilão' elisabetano Índice |
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