São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Nova terapia reduz linfoma, diz estudo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma nova terapia mostrou ser eficaz no tratamento de um tipo de câncer chamado linfoma não-Hodgkin -cujo alvo são células brancas do sistema de defesa do corpo, segundo estudo publicado na revista médica britânica "The Lancet".
Os resultados revelaram que quatro dos nove pacientes que tinham o tumor -incurável- melhoraram após o tratamento.
A equipe, do Hospital Real Marsden (Reino Unido), também observou que em um dos pacientes o câncer havia desaparecido, situação que se manteve por seis meses.
A terapia é chamada "antisense". O DNA, o material genético da maioria dos seres vivos, contém as instruções para o funcionamento e a fabricação de proteínas.
Entretanto ele não é capaz de fazê-las sozinho. Por isso, o DNA tem de produzir uma molécula -chamada RNA mensageiro- que vai levar essa receita até o local da célula onde as proteínas são fabricadas. É o RNA mensageiro quem leva a mensagem, a ordem para que se "faça uma proteína". As moléculas de RNA mensageiro são chamadas "fita sense".
Para que a terapia funcionasse, os pesquisadores tiveram de fabricar uma fita que se ligasse ao RNA mensageiro e o confundisse, impedindo-o de ler instruções para a fabricação de uma proteína ligada ao câncer, a BCL-2.
Chave falsa
Essa fita, chamada "antisense", é feita com DNA sintético e se liga exatamente ao local que carrega as informações para a síntese da BCL-2, como uma chave entra numa fechadura.
No entanto, a fita "antisense" age como uma chave falsa. Entra na fechadura (fita "sense"), mas não sai mais, impedindo a porta de ser aberta (ou seja, de o RNA fabricar a proteína do câncer).
Segundo os pesquisadores, é a primeira vez que se usa uma terapia "antisense" que envolve a proteína do câncer em humanos.
Os pacientes foram tratados com injeções diárias de fitas "antisense" por duas semanas.
Após seis semanas de tratamento, um dos pacientes, cujo tumor havia atacado os nódulos linfáticos e media 2,5 cm por 2,0 foi reduzido para 1 cm por 1 cm.
Segundo eles, o tumor permaneceu com esse tamanho quatro meses depois, mesmo com o fim da terapia.
"O estudo mostra que a terapia não só leva à regressão do câncer, mas não tem efeitos tóxicos. É a primeira vez que fazemos isso em humanos e é uma esperança genuína para pacientes com esse tipo de câncer ", escreveram os pesquisadores na revista.
A incidência do tumor nos EUA é de 33 mil casos por ano.

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