São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VALE CADA VEZ MAIS

Há hoje dois tipos de discussão sobre o futuro da Companhia Vale do Rio Doce, cuja privatização inicia-se no próximo dia 29 de abril: a estratégica e a econômica.
De um lado, batem-se contra a venda setores fortemente nacionalistas, que ainda acreditam na importância estratégica do monopólio estatal sobre os recursos minerais e energéticos para garantir uma inserção soberana do país na ordem mundial.
Esses setores não saem derrotados da luta, embora previsivelmente tentarão suspender o leilão até o último minuto. É preciso reconhecer que os críticos da privatização tiveram um papel essencial no aperfeiçoamento do processo. Cobraram rigor máximo na avaliação do potencial mineral, investigaram todas os possíveis riscos de a estatal parar nas mãos de concorrentes, insistiram corretamente na definição de garantias para os direitos da União.
O saldo positivo de todo esse esforço, ao menos para quem não encara emocionalmente a venda de uma estatal, é um processo mais transparente e com mais garantias estratégicas para o Brasil.
O exemplo mais eloquente disso é a "golden share", ação especial que garante à União poder de veto em questões administrativas da empresa. Esse tipo de salvaguarda tem sido usado por outros países em privatização de setores tidos por sensíveis, como energia e recursos minerais.
Mas há também um segundo tipo de discussão, que se refere às estratégias empresariais a serem adotadas pelos futuros controladores.
Havendo concorrência pelo controle da empresa, o resultado fica claro desde já: a venda da estatal não é "perda" de riqueza, mas formação de uma nova organização econômica mais eficiente que o Estado.
Criam-se portanto as condições para que a CVRD, como outras empresas hoje nas mãos do governo, possa valer cada vez mais, contribuindo para o desenvolvimento nacional.

Texto Anterior: O PARTIDO DOS SEM-TERRA
Próximo Texto: FILA NO BANCO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.