São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Jungmann compara sem-terra à UDR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) comparou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) à UDR (União Democrática Ruralista), ao defender negociação sobre a reforma agrária.
"O MST está tendo uma postura muito próxima da UDR, porque quem é contrário a isso (à negociação) é a UDR", afirmou Jungmann depois de participar de solenidade militar de entrega de medalhas, ontem em Brasília.
No encontro de anteontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso, líderes do MST disseram que submeteriam aos integrantes do movimento a proposta do governo de criar uma comissão para discutir a reforma agrária.
"Vamos poder ver com clareza quem transige e quem não transige, quem quer fazer a reforma negociada e quem não quer", disse Jungmann. Segundo ele, a "grande preocupação" de FHC ao receber os sem-terra era estabelecer uma "nova forma de convívio".
"O presidente diz que, para dar um salto (de qualidade) na reforma agrária, a gente vai ter que rever a forma de convivência."
"O presidente estendeu as mãos. Todo o governo está disposto a colaborar. Vamos esperar uma resposta do MST, que ficou de consultar os seus companheiros", disse Jungmann.
Ele afirmou que a negociação sobre a reforma agrária é uma necessidade em países de grandes dimensões territoriais.
"No mundo inteiro, sobretudo em países continentais como o Brasil, a reforma agrária teve que contar com a participação da sociedade."
Jungmann negou que o governo tenha pronto o texto de uma MP (medida provisória), que altera lei relativa à reforma agrária.
Segundo o ministro, FHC editará a MP se não houver disposição do Congresso em aprovar projeto de lei em regime de urgência.
"É preciso que os líderes no Congresso entendam que há urgência e que o presidente está disposto a tomar essa medida."
Jantar
A divisão dos Estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso foi analisada em reunião com FHC anteontem à noite.
Segundo o ex-presidente do PSDB Pimenta da Veiga, anfitrião do jantar, a mudança poderia atenuar o conflito agrário e acelerar o desenvolvimento na região.
A reforma agrária foi o tema que dominou as conversas, que se estenderam até as 2h da manhã.
FHC afirmou que "é pouco" assentar 280 mil famílias, mas insistiu que esbarra na falta de dinheiro para ampliar a meta.

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