São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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MST afirma que invasões continuam

Movimento recusa ministro em comissão

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes do MST afirmaram ontem que as invasões de fazendas e de prédios do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vão continuar, mesmo que a entidade aceite a proposta do governo de criar uma comissão para analisar as suas reivindicações.
"Vamos continuar ou não vamos continuar (as invasões), gente?", perguntava o líder João Pedro Stédile aos sem-terra acampados na Esplanada dos Ministérios. "Vamos", respondiam, em coro, os sem-terra.
Ontem, às 11h, em reunião no acampamento, Stédile e o líder Ênio Bonemberger relataram a cerca de mil sem-terra como foi a audiência com o presidente.
"A idéia da comissão não é ruim, mas ela não terá função executiva", disse Stédile. Ele afirmou, porém, que o MST não aceita que o ministro Raul Jungmann participe da comissão ou atue como interlocutor do MST.
A partir de agora, disse, o MST só aceita FHC como interlocutor: "Se podemos falar com Deus (FHC), não vamos falar com anjinhos nem com puxa-sacos".
O líder comparou o encontro com FHC a um jogo de futebol. "Conseguimos de saída colocar o nosso time todo em campo, vencendo o governo, que fez c. doce e só queria deixar entrar alguns", afirmou Stédile ao contar que o MST levou três pessoas a mais do que o combinado.
Ele contou que FHC ficou "brabo, raivoso" quando os sem-terra criticaram sua política "neoliberal". "Ele ficou moído porque não podia mais ir para o exterior", afirmou Stédile ao comentar a repercussão internacional do movimento.
"E aí nos pediu que apelássemos aos intelectuais no exterior para baixar as taxas de importação a favor dos assentamentos no Brasil. Mas nós estamos c. para a exportação. Nós queremos produzir é para alimentar a boca do povo", disse.

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