São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Hotéis temem 'quebradeira'

DA REPORTAGEM LOCAL

Construtoras e setor hoteleiro divergem sobre o potencial do mercado paulistano de hospedagem. Enquanto os investimentos em flats continuam firmes, há quem acredite que o mercado não suportará tamanho crescimento.
"Vai significar a quebra da área hoteleira em São Paulo", diz James Akel, 43, presidente do Conselho Técnico de Hotéis de São Paulo, comentando a entrada no mercado dos flats lançados ao longo do ano passado e deste ano.
Os flats concorrem direta e principalmente com os hotéis de três e quatro estrelas (classificação antiga da Embratur, que passa por mudanças). Segundo Akel, a ocupação média desses hotéis é de 45%. Os flats mantêm 70%.
"Em cidades comerciais, o setor de hotelaria sobrevive da indústria e do comércio. Não houve efetivo crescimento desses setores em São Paulo e também não apareceram nova áreas para eventos", afirma.
O construtor Antonio Setin, da Setin Empreendimentos Imobiliários, também acha que vai haver superoferta. Para ele, os novos flats terão de concorrer com os hotéis que estão sendo construídos.
São pelo menos seis na cidade, num investimento de R$ 350 milhões. Setin vai acirrar essa concorrência. Pretende construir um hotel de três estrelas, cujo projeto ainda está em maturação.
Continuação
Alguns dos principais construtores do setor, no entanto, não acreditam no desgaste e apostam nas boas vendas de flats.
A Cyrela, por exemplo, vendeu as 220 unidades do flat Privilege em cinco dias. A empresa fez dois lançamentos em 96 e neste ano vai lançar pelo menos mais um.
"Com o Mercosul, a demanda por flats vai aumentar. Tudo gira em torno de São Paulo", diz Gerson Bendilati, 39, diretor de incorporações da Inpar, empresa que lançou quatro flats em 96 e deve lançar outros três neste ano.
Segundo Vanessa Blum, gerente de vendas da imobiliária BBG, há demanda reprimida.
"Temos um bom número de compradores de flat na fila de espera." A BBG é uma das principais comerciantes de flat de São Paulo. A empresa vende, em média, 16 desses imóveis por mês.
A grande procura gera outro atrativo aos investidores: a liquidez. "Uma unidade com preço de mercado é praticamente 'cash' (dinheiro), vende na hora", diz Álvaro Fonseca, do Secovi.

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