São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Índio foi a Brasília defender demarcação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O índio pataxó Galdino Jesus dos Santos chegou a Brasília na última sexta. Ele é um dos líderes da tribo hã-hã-hãe, da área indígena Caramuru-Catarina-Paraguassu, no município de Pau Brasil (sul da BA), e estava com integrantes da tribo para defender a demarcação das suas terras.
Santos é primo de Gerson de Souza Melo, líder pataxó que esteve na audiência de sexta-feira com o presidente Fernando Henrique Cardoso, apoiando a manifestação dos sem-terra.
Nascido em 26 de agosto de 1952, Santos tem mulher e três filhos, que ficaram na aldeia, na Bahia.
A família é marcada por tragédias, segundo seu pai, o índio Juvenal Rodrigues. "Meu outro filho morreu cortado a facão por fazendeiros", disse na porta do Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, enquanto esperava autorização para visitar o filho.
"Viemos a Brasília para resolver um problema e aconteceu essa miséria", lamentou após ver Santos.
Os pataxós têm uma audiência amanhã na Procuradoria Geral da República para resolver problemas na demarcação de suas terras.
Perdido na cidade
A médica Maria Célia Martins Bispo informou que Santos chegou consciente ao Hospital Regional. Segundo a médica, ele disse que se perdeu após encontro na Funai, chegou atrasado à pensão onde estava e não conseguiu entrar. "Ele contou que, em seguida, foi andar, deitou no banco da parada de ônibus e começou a dormir", relatou a médica.
Às 21h, o hospital informou que o estado de saúde de Santos era "gravíssimo". Ele mantinha sinais vitais, como pressão arterial e frequência cardíaca, mas estava desde manhã sob respiração artificial.
Na madrugada de ontem, após fazer o relato à equipe médica, Santos foi sedado porque sentia muitas dores, ficando a partir desse momento inconsciente. Ainda pela manhã, ele apresentou insuficiência renal e respiratória.
Santos gemia muito, estava com os braços encolhidos e se contorcia de dor, segundo pessoas que presenciaram sua chegada.
O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, disse que vai decretar luto oficial, caso Santos venha a morrer.

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