São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Governador acusa indústria de papel

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Amapá, João Alberto Capiberibe (PSB), disse ontem ao ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann, que a empresa norte-americana Champion Internacional, uma das dez maiores indústrias de papel do mundo, teria se apropriado ilegalmente de 110 mil hectares nesse Estado para plantar eucaliptos.
Capiberibe pediu a Jungmann que as terras apropriadas sejam destinadas à reforma agrária. Para isso, é preciso antes provar que as terras pertencem à União, como sustenta o governador.
O presidente da Champion Papel e Celulose Ltda. do Brasil, Odair Garcia, disse que a empresa não vê problemas em ser submetida à fiscalização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
"A empresa está investindo US$ 200 milhões no Amapá e só deseja trabalhar com tranquilidade porque quer produzir árvores, gerar divisas e empregos, sem pedir dinheiro a ninguém", disse Garcia, indignado com as acusações.
Segundo ele, a Champion já gerou cerca de mil empregos no Amapá desde que começou a se instalar em 1995. "Isso é muito em um Estado onde a maioria dos empregos recebe salário de Brasília por causa da condição do ex-território", afirmou Garcia.
A denúncia consta do relatório elaborado por uma comissão especial criada pelo governador em 96 para investigar supostas irregularidades da Champion. O relatório será entregue hoje a Jungmann.
Indenizações
A comissão responsável pelo relatório foi criada a partir de denúncias da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade ligada à Igreja Católica, sobre indenizações supostamente irrisórias pagas pela Champion a 67 posseiros retirados de seus lotes. "Eu quero que a Champion respeite as leis no Brasil como faz nos Estados Unidos", disse o governador do Amapá.
O presidente da Champion disse que os posseiros foram indenizados pelos proprietários das áreas adquiridas. Mas, segundo ele, a empresa está disposta a estudar cada caso e recompensar os posseiros prejudicados.

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