São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Governo tem R$ 300 mi para ajudar a vender a Vale

Operação é semelhante à montada para a venda da Light

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo, por intermédio da BNDESPar (Banco Nacional e Desenvolvimento Econômico e Social Participações), está disposto a recomprar até cerca de 10,7% das ações da Companhia Vale do Rio Doce que forem vendidas em leilão, se os participantes do consórcio vencedor quiserem vendê-las.
A BNDESPar publicou comunicado ontem informando aos interessados que ela está disponibilizando "em caráter irrevogável e irretratável" até R$ 300 milhões para a compra de ações ordinárias da Vale, ao preço mínimo de leilão (R$ 26,67 por ação), dos vencedores do leilão. O comunicado diz também que o valor poderá ser aumentado, dependendo do preço de venda das ações.
Caso o vencedor do leilão compre o mínimo de ações permitido pelas regras (104,85 milhões) pelo preço mínimo, ele pagará aproximadamente R$ 2,8 bilhões. Os R$ 300 milhões da BNDESPar representarão 10,7% desse total.
Se houver ágio sobre o preço mínimo estabelecido para o leilão, a subsidiária do BNDES colocará mais dinheiro na operação. O comunicado não esclarece até quanto. O BNDES é o gestor do programa de privatização do governo.
O comunicado da BNDESPar significa, na prática, que o governo está disposto a dar um fôlego ao vencedor do leilão da Vale, caso os membros do consórcio tenham necessidade de se capitalizar após o dispêndio feito para a compra das ações da mineradora.
O vice-presidente e diretor da área de desestatização do BNDES, José Pio Borges, disse à Folha que a decisão da BNDESPar tem como principal justificativa "neutralizar um eventual desbalanceamento" entre o Consórcio Valecom e o Consórcio Brasil, porque este conta com os fundos de pensão.
O Consórcio Brasil, liderado pela CSN (privatizada em 93), conta com os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Funcesp (Cesp).
Esses fundos, segundo ele, estariam dispostos a gastar mais que os dois que estão no consórcio Valecom, liderado pelo grupo Votorantim. Eles são o Centrus (Banco Central) e a Sistel (Telebrás).
A subsidiária do BNDES já possui 3,2% do capital da Vale, com os quais deverá participar do grupo controlador da empresa, caso o consórcio vencedor não queira vender parte do que comprar.
Já estava previsto pelo BNDES, pelo menos desde o início deste mês, que a participação da BNDESPar na Vale poderia ser aumentada após o leilão. A operação que poderá ser feita na privatização da Vale é parecida com a que foi feita com a Light Serviços de Eletricidade, em maio de 96.
Só que, na época, a BNDESPar entrou diretamente no leilão da empresa, comprando ações e ajudando a fechar o mínimo necessário para que o leilão fosse válido.

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