São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Distribuição dos conceitos faz azarões conseguirem boas notas

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O provão tirou do desconhecimento instituições que eram pouco comentadas no meio universitário e que, por isso mesmo, não tinham poder para atrair vestibulandos de regiões mais distantes.
Alguns desses azarões podem ter sido beneficiados pelo critério adotado pelo MEC para distribuir os conceitos entre as escolas.
Como o ministério decidiu eleger o grupo de 12% das escolas mais bem colocadas como dignas de A, instituições que teriam menos chance com critérios baseados apenas no percentual de acerto da prova puderam aparecer no grupo de elite.
Assim, a Faculdade de Direito de Nova Andradina, escola particular do Centro-Oeste que teve sobra de vagas no vestibular da turma que se formou em 96 (leia texto nesta página), aparece na lista de administração ao lado da conceituada Escola de Administração de Empresas Getúlio Vargas, de São Paulo, que teve 14,6 vestibulandos para cada vaga.
Mais surpreendente: Nova Andradina está à frente dos cursos da Federal do Mato Grosso do Sul em Corumbá e Três Lagoas, que tiveram nota B e pelo menos dez vezes mais procura pelos vestibulandos.
Entre as zebras, aparece o curso de direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina, em Videira, o único de Santa Catarina com A e o único oferecido por uma instituição municipal a estar no grupo de elite nessa carreira.
Com uma relação candidato/vaga modesta, que não chega a três, o curso de Videira ficou à frente das Faculdades Metropolitanas Unidas, de São Paulo, que teve 12 alunos para cada vaga no vestibular de 1992 e conseguiu B no provão.
Surpresa relativa
Na lista de aparentes surpresas, há casos como o da Faculdade de Direito Milton Campos, de Nova Lima (MG), que têm expressão regional e atraem boa quantidade de estudantes em seu vestibular.
A faculdade de Minas tem relação candidato/vaga relativamente alta, de 12,8, embora não se compare à campeã nesse quesito entre as notas A de direito -a Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca, que teve procura de 33,7 alunos para cada vaga.
Por enquanto, o MEC não arrisca palpites sobre o que faz uma faculdade praticamente desconhecida conseguir nota boa -se comparada com a das demais escolas- na avaliação de seus alunos.
No caso da Universidade do Oeste de Santa Catarina, por exemplo, o segredo parece ser a dedicação dos professores. Embora a escola tenha obtido nota E em matéria de titulação -o que indica que no máximo 10% de seus professores têm título de mestre ou doutor-, ficou com A em termos de dedicação dos docentes.
Em engenharia, diferentemente das outras carreiras, praticamente não houve zebras entre as escolas com conceito A.
Todos os postos mais altos na tabela ficaram para escolas públicas, que, de forma geral, tiveram melhor desempenho em todas as carreiras.
(RSc)

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