São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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O PMDB

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A fragilidade do governo no Congresso tem origem em vários problemas conexos.
São quase todos de difícil solução. O que só reforça a tese de que as reformas pretendidas por FHC não devem sair. Ou, se saírem, serão todas capengas e a um preço altíssimo.
Um desses problemas chama mais a atenção por ser, ao que tudo indica, um caso insolúvel.
Trata-se do PMDB. Esse partido, um moribundo que nunca morre, é uma espécie de gigante sem controle. Tem 98 deputados e é a segunda maior força individual na Câmara.
Apesar disso, os peemedebistas não conseguiram dar 50 votos a favor de uma das votações da reforma administrativa, nesta semana, que acabou resultando em derrota para o governo.
Já virou um lugar-comum dizer que o PMDB é um arquipélago de pequenos partidos. Mas a imagem é essa há algum tempo e não se enxerga ali a menor possibilidade de construção de pontes definitivas entre essas ilhas.
Isso dificulta a solução de questões quase prosaicas. Por exemplo, o preenchimento das duas vagas de ministros (Justiça e Transportes) que pertencem ao PMDB na divisão pragmática do bolo no governo FHC.
O presidente quer nomear políticos que tenham apoio unânime ou majoritário das lideranças peemedebistas.
Esse desejo de FHC equivaleria a esperar algum consenso entre os torcedores do Palmeiras e do Corinthians a respeito de qual das duas equipes é a melhor. Isso é impossível.
Por isso, os ministros não são nomeados. E, também por isso, o PMDB nega apoio no Congresso.
*
FHC deve mesmo pensar que comanda uma pátria de beócios.
É o que se deduz das suas críticas à morosidade que o Congresso emprega na aprovação de algumas leis.
Ora, FHC só faltou nomear o presidente da Câmara. Tem no bolso os 336 deputados que votaram a favor da reeleição. Ele manda no Congresso.
Se as coisas não andam bem, o presidente sabe muito bem a razão.

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