São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Macau aposta em conexão com o Brasil

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O governador de Macau, Vasco Rocha Vieira, acompanha com atenção a aproximação do governo brasileiro com a China, que em 19 de dezembro de 1999 vai incorporar o território hoje sob administração portuguesa. Em entrevista à Folha, Vieira disse acreditar que Macau pode consolidar-se como um importante entreposto comercial e centro de serviços para empresas brasileiras, na qualidade de zona econômica especial e ponte com a economia do sul da China.
Este ano celebram-se dez anos da declaração conjunta dos governos de Portugal e da República Popular da China sobre a questão de Macau. Mas a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau foi adotada apenas em março de 1993. É uma Constituição própria, que garante à península de Macau um tratamento sujeito ao princípio "um país, dois sistemas", o mesmo ao qual estará subordinado Hong Kong a partir do próximo 1º de julho.
Isso significará, segundo o governador Vieira, que Macau vai gozar de um elevado grau de autonomia com poderes Executivo, Legislativo e Judiciário independentes. Esse regime está assegurado pelos próximos 50 anos, pelo menos.
O direito à propriedade privada ficará protegido por lei em Macau. Defesa e relações externas ficarão sob controle direto do Governo Popular Central, que também poderá nomear e exonerar qualquer burocrata da Região Administrativa Especial.
O governador procura o amparo brasileiro inspirado numa história remota, resumida numa edição especial da Revista de Cultura do Instituto Cultural de Macau. O historiador Antonio da Silva Rego, por exemplo, apresenta o comércio livre e direto com o Brasil como "o ideal de Macau" desde o século 18. Portugal, entretanto, opunha-se ao estabelecimento de laços diretos, exigindo que os navios macaenses aportassem em Lisboa, pagando os devidos direitos. Somente em 1811 a família real, exilada, abrandaria essa exigência.
Hoje o sentido inverteu-se, o interesse dos macaenses é servir de porto para os empresários brasileiros com estratégias voltadas para a economia chinesa.
Portugal
O governo português está fazendo sua parte nesse período final da transição. Edita um guia sobre como fazer negócios na China e investe na expansão dos serviços, oferece subsídios para investidores e oferece terrenos para arrendamento por 25 anos, renováveis. Parece mesmo um negócio da China.

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