São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caso Cabezas desafia a polícia argentina

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

Após três meses de investigação, está cada vez mais difícil para a polícia de Buenos Aires descobrir os responsáveis pelo assassinato do repórter fotográfico José Luis Cabezas, morto a tiros na madrugada do último dia 25 de janeiro.
O crime é um dos mais comentados pela imprensa da Argentina. As investigações da polícia levantam várias suspeitas: tráfico de drogas, prostituição e envolvimento de políticos e policiais. Mas não há nada concreto até agora.
Cabezas trabalhava na revista "Notícias" e investigava o narcotráfico na costa norte argentina.
Após uma festa no balneário de Pinamar (a 350 km de Buenos Aires), ele foi sequestrado e morto. Seu corpo e seu carro foram encontrados carbonizados.
A arma do crime não foi encontrada, dificultando ainda mais as investigações -que somam mais de 7.000 páginas.
Um dos principais suspeitos, Jorge Cabezas, ex-policial, foi solto na quinta por falta de provas.
Ele era acusado de ter planejado o crime e coordenado o grupo que sequestrou e matou o jornalista.
Sua libertação pode comprometer as investigações já feitas.
O maior trunfo da polícia até agora é a prisão de Gustavo González, que confessou ter participado do sequestro -e não do assassinato.
González acusou o ex-policial Gustavo Prelezzo e o civil Horácio Anselmo Braga de serem os autores dos disparos que mataram o jornalista.
Disse ainda que o crime foi encomendado por um político da região (ele não revelou o nome) e que Prelezzo contratou toda a equipe por US$ 50 mil.
Já detido pela polícia, Prelezzo não confirmou a versão de González, embaralhando ainda mais as investigações. Braga continua foragido.
A polícia investiu nas pistas dadas por González e descobriu que Prelezzo, após o crime, ligou do seu aparelho celular para o policial Aníbal Norberto Luna e o desejou feliz aniversário.
Mas o chefe das investigações, o comissário Victor Fogelman, afirmou que Luna não será afastado das suas funções na polícia de Pinamar, pois não há nada que ligue o policial à morte do jornalista Jorge Luis Cabezas.

Texto Anterior: Macau aposta em conexão com o Brasil
Próximo Texto: Impasse prejudica presidenciável
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.