São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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"Meus Pratos Inesquecíveis" é gostoso de ler

NINA HORTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os livros de culinária estão na moda. Ainda estão na moda. Temos um atraso grande em relação ao resto do mundo, e as editoras, por falta de autores brasileiros, traduzem os estrangeiros. Escolhem o que há de melhor em inglês, francês, livros que é preciso ler para saber o que foi dito e não se ficar inventando o já inventado.
É uma fase difícil. Acho que as traduções são sempre difíceis. Acaba-se ficando com meio livro. Vão-se sutilezas, expressões, costumes, um terror.
A Mandarim acabou de publicar "Meus pratos inesquecíveis", de Michael Tucker. Mas quem é Michael Tucker? Um ator americano que trabalhou nos filmes "A Era do Rádio" e "A Rosa Púrpura do Cairo". Com a mulher dele, Jill Eikenberry, fez um seriado de sucesso na TV, "L.A. Law".
Fiquei na mesma, sem me lembrar dele. E se não me lembro do ator vai ter que escrever muito bem para me cativar. E não é que escreve? Tem humor nova-iorquino judaico, é gostoso de se ler, despretensioso. É isso. Uma autobiografia interessante de um sujeito que não te interessa.
Dá um bom retrato de uma família de primeira geração de imigrantes, da vida de um ator que se inicia na profissão, e principalmente do que se come nos Estados Unidos. E como o país é vário e vasto, tem um pouco de tudo. Siris, sanduíches de carne cozida com raiz forte, panquecas de batata com purê de maçã, espaguetes, comida chinesa, uns patinhos e cordeiros, anchovas do Maine.
Vinte e nove receitas numa vida de gourmet é pouco, mas é bom que seja assim. Só o simples, gostoso e bem testado. E uma boa notícia. A tradução é ótima, tanto no setor de ingredientes (sem as famosas adaptações, que são um terror), quanto no do texto. Raríssimo.
E o que podemos querer mais? Um livro que diverte, com receitas simpáticas. Para quem gosta de autobiografias, de comida e de americanos e de tudo isso ao mesmo tempo é um prato cheio.
Só uma mágoa. Que idéia foi essa de colocar as receitas com letra de cocô de mosquito com um desenho apagado no fundo? Não tem dó dos que usam óculos, das velhotas de vista cansada? São as receitas é que tem que vir com letra escura, grande, contra fundo claro. Elas vão para a cozinha que nem sempre tem um abajur de pé perto do fogão.
Mas é só, mesmo. Você vai conhecer o Michael Tucker, gostar dele e ainda aprender muita coisa sobre a vida americana.

Obra: Meus Pratos Inesquecíveis (273 págs)
Autor: Michael Tucker

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