São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Mais prédios trazem mais congestionamento

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os congestionamentos de São Paulo aumentariam 3,5 quilômetros a cada 100 mil metros quadrados construídos na região do centro expandido de São Paulo.
Os cálculos foram feitos pelo Movimento Defenda São Paulo, entidade que abriga 250 associações de bairros.
Cem mil metros quadrados não é uma área muito significativa. Representa cerca de dois prédios com as dimensões do edifício Martinelli, no centro de São Paulo, que possui 30 andares.
O novo Plano Diretor permitiria a construção de inúmeros "martinellis" na cidade, provocando um aumento expressivo nos congestionamentos do pico da tarde (em média 120 quilômetros hoje).
A projeção do aumento do trânsito foi feita pela urbanista Regina Monteiro, diretora do Movimento Defenda São Paulo. Monteiro foi assessora da superintendência de planejamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ela era responsável pela aprovação dos pólos geradores de tráfego (empreendimentos de grande porte que atraem muitas pessoas -shoppings por exemplo).
Seus cálculos têm como base a lei 10.334, de 13 de julho de 1987, que criou as chamadas Áreas Especiais de Tráfego (AET).
Essa lei discrimina ruas e avenidas com capacidade viária saturada, determinando regras específicas para a construção de novas edificações.
É considerado AET todo o centro da cidade e avenidas como Angélica, Braz Leme, do Estado, Jabaquara, João Dias, Paulista, Pompéia, Tiradentes, Prestes Maia, e Washington Luiz, entre tantas outras. Isto é, grande parte do chamado centro expandido.
"Trata-se de uma área que, no pico, sempre está congestionada. Qualquer novo veículo trazido pelo novo Plano Diretor vai apenas aumentar a fila de carros", diz a urbanista.
Cálculo
O cálculo do Defenda São Paulo foi feito do seguinte modo: a lei determina que, a cada 50 metros quadrados de edificação, deve haver uma vaga de estacionamento.
Portanto, um prédio de 50 mil metros quadrados deve ter 1.000 vagas. Dois prédios, 2.000 vagas.
Pesquisas da CET indicam que, nos prédios comerciais, 70% das pessoas vão embora entre as 18h e as 19h. Consequentemente, 1.400 automóveis deixam os edifícios durante o horário de pico.
Para efeito de cálculo, o número deve ser dividido pela metade (700), já que a maioria das ruas tem duas faixas de trânsito por sentido. Como cada automóvel tem, em média, cinco metros de extensão, a construção dos dois edifícios provocaria um aumento de 3,5 km nos congestionamentos.

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