São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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A Telesp prepara-se para a luta

LUÍS NASSIF

Hoje, a Telesp anunciará oficialmente a reabertura de inscrições para mais 2 milhões de telefones celulares: 1 milhão para a capital e 1 milhão para o interior.
Ao mesmo tempo, anunciará a licitação para a implantação do sistema digital, visando, até o final de 1998, agregar mais 600 mil telefones à rede celular, 460 mil na capital e 140 mil no interior.
Esse anúncio será feito pelo presidente da Telesp, Carlos Eduardo Sampaio Dória, e pelo presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, e faz parte do conjunto de medidas visando preparar a empresa para a grande competição com os novos operadores da banda B -a ser anunciados ainda neste mês.
Após a licitação da banda B, a Telesp terá algum tempo de vantagem pela frente. Estima-se em pelo menos oito meses o prazo mínimo para entrar no ar o primeiro cliente da operadora privada. Depois, mais um prazo para garantir a cobertura do Estado inteiro.
A concorrência se dará em três frentes: qualidade, cobertura e preço.
De início, a vantagem da Telesp será a cobertura. Atualmente, atende 298 municípios dos 620 do Estado, que respondem por 93% da população. Já estão em implantação serviços em mais 430 municípios. Até o final do ano, estarão atendidos todos aqueles com mais de 10 mil habitantes. Ao mesmo tempo, deverão estar instaladas mais 140 Estações Rádio Base (ERB) ao longo das estradas paulistas, somadas às 656 já existentes.
Haverá duas operadoras da banda B: uma para a grande São Paulo, outra para o interior. Por questões de concorrência, a Telesp não permitirá que celulares da banda B usem sua estrutura. A saída para os competidores serão acordos operacionais entre operadores da B na capital e no interior.
Tecnologia digital
Os novos operadores compensarão a desvantagem investindo pesadamente em qualidade. Para tanto, contarão com tecnologia de última geração, digital. É para enfrentar o segundo round que a Telesp prepara a implantação de telefones digitais.
Segundo avalia Sampaio Dória, os novos operadores não tentarão disputar o mercado inteiro, mas a faixa de 13% dos usuários que responde por 50% do faturamento.
A licitação deverá ser 50% pela técnica e 50% pelo preço. Na técnica, os pontos serão computados para novos serviços, específicos para essa faixa de grandes consumidores -como serviços de mensagem no telefone (tipo pager), privacidade de voz, transmissão de dados e fax, ativação no ar (ou seja, o usuário habilitar seu aparelho sem a necessidade de ir até a Telesp) e identificação da chamada.
Além disso, será dada ênfase ao suporte de serviço local. Se o vencedor não estiver instalado em São Paulo, terá um prazo para tal.
Ao contrário do que foi feito na primeira licitação de celular (vencida pela NEC), desta vez a experiência prévia será fundamental. Plantas com mais de 2 milhões de terminais ganharão pontuação adicional.
Privatização
Mesmo assim, essas providências servirão apenas para valorizar a Telesp em um futuro processo de privatização. Não sendo privatizada, dificilmente terá condições de segurar a competição.
No momento, começa a ocorrer evasão de capital humano. Concorrentes estrangeiros estão tirando seus técnicos, pagando luvas pesadas. A legislação impede políticas de recursos humanos adequadas.
Os prazos dos processos licitatórios de empresas públicas são incompatíveis com a velocidade exigida pelos novos tempos. No caso da tecnologia digital, se tudo der certo, se não houver nenhum embargo, apenas em abril de 1998 o primeiro celular estará no ar. Sem as limitações do setor público, esse tempo poderia ser abreviado para seis meses.

E-mail: lnassifol.com.br

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