São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Métodos são heterodoxos

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A MANAUS

Em seus 41 anos no banco de reservas, Amadeu Teixeira aprendeu malandragens e desenvolveu um método particular e heterodoxo de lidar com jogadores.
Numa época de derrotas, anunciou ao time: "Hoje são vocês que vão definir a escalação. Não me conformo com o que está acontecendo. Podemos não ser os melhores, mas os piores, também não".
Quando ele começou a perguntar quem seria o goleiro, houve constrangimento, todos se recusaram a votar e ninguém mais reclamou. O América passou a vencer.
Nos anos 60, década em que o clube aderiu ao profissionalismo (1966), havia rispidez nos treinos. Num deles, dois jogadores se esbofetearam, Teixeira foi separá-los e teve um dente quebrado.
No dia seguinte, pediu para a equipe formar um círculo e foi para o centro. "Aqui no meio, brigões", disse, chamando os oponentes da véspera, o goleiro Amauri e o ponta-direita Paulo.
"Para nós termos êxito, precisamos nos tratar como numa família. Depois da briga, vão dizer que eu não tenho moral com vocês."
Em seguida, Teixeira surpreendeu: ordenou que a equipe se dividisse em duas torcidas, uma para cada jogador-lutador. "Primeiro round. Vamos ver quem é bom nisso", gritou, iniciando a luta.
Como Amauri e Paulo se engalfinhavam com timidez, reclamou: "Vocês estão mal fisicamente? O que é que há? Covardia?" Depois do segundo round, sem nocaute, os combatentes desistiram.
Teixeira pediu para os dois apertarem as mãos e foi atendido. Antes de dispensá-los, alertou: "Aqui, o galo sou eu."
(MM)

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