São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Maternidade vira repelente de homem

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A maternidade pode ser linda, mas às vezes é também solitária: mulher com filho pequeno nem sempre encontra parceiro com paciência para adotar o pacote.
"O próprio pai da criança tem dificuldade para entender o que é maternidade", diz a artista plástica Rita Selke, 37, que, antes de engravidar, foi casada 16 anos com o pai de sua filha e acabou se separando logo depois que a menina nasceu.
"Descobri na maternidade minha primeira vocação", diz Rita, que passou a se dedicar em tempo integral à menina. "Não quis abrir mão de estar 24 horas por dia com ela", diz. "Meu marido, que sempre teve pelo menos 50% da minha atenção, ficou me cobrando."
Rita deu razão ao marido, mas manteve-se firme em seu propósito de dedicar-se exclusivamente à filha. "A mãe demora um tempo para voltar a ser mulher."
O primeiro e mais longo namoro de Rita depois da separação foi com um rapaz que ela define como um "solteirão profissional". "Ele nunca escondeu que não tinha paciência com crianças", conta.
O namoro acabou também por isso. "Apesar da empolgação do início, grande parte da minha vida que não interessava a ele", diz.
Diplomacia
Para a psicóloga Maritza Maciel, 42, separada, três filhos e um namorado, todo homem procura na mulher uma mãe. "Homem é que nem criança, está sempre atrás de proteção", afirma.
Por sua vez, ela acredita que toda mulher precisa de um companheiro. "Não conheço uma que queira ficar sozinha", ela diz.
Maritza diz que não é fácil ser mãe e namorada. "Tenho de me controlar para não falar muito sobre meus filhos. Isso irrita."
Quando fala deles, ela faz com jeito. "Existem várias maneiras de o cara ajudar com as crianças, sem perceber que está ajudando", diz. "Tem de ter diplomacia."
Diplomacia é algo que a taróloga Luci Rezende, 37, não usa quando quer falar da filha de 7 anos. "Acho muito engraçadas as histórias dela. Conto mesmo", diz.
"Outro dia ela queria cortar uma nota de dinheiro em rodinhas, porque dizia que assim poderia usá-las como moedas e renderia mais. Não é o máximo?"
Luci quer que o namorado também ache o máximo. "Não me lembro de ter paquerado nenhum mau caráter (homem que não gosta de criança)", diz.
A taróloga Gisela Fadul, 27, um filho de 7 anos, diz que a situação de uma mulher como a dela é bastante complicada.
"Os homens estão preocupados no relacionamento deles com a mulher, não com a mãe", diz. "É difícil arranjar um mais sensível."

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