São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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DEPOIMENTO

"Quando descobri minha vocação para a maternidade, nunca mais voltei a ser a mulher do meu marido.
Eu estava tão concentrada nessa descoberta, que a coloquei antes mesmo do meu casamento. Acabei me separando.
O primeiro namorado que tive depois que me separei foi um amigo antigo, um solteirão invicto, que insistia em dizer que eu estava linda (num momento em que eu me sentia totalmente fora de forma). Acreditei e, mesmo sabendo que ele não tinha paciência com criança, começamos a namorar.
Na verdade, ele ficou meio apavorado porque a minha proposta era de casamento para sempre, e ele nunca tinha ficado com alguém mais de quatro meses.
Com minha filha o relacionamento também era complicado. Uma vez, num fim-de-semana, viajamos e ele teve um contato mais contínuo com ela, mas foi estranho. Ele não fazia o menor esforço para agradar: eu achava compreensível, porque afinal o cara nunca casou nem teve filho. Mas também não ia abrir mão nem de uma parte do relacionamento com minha filha. Terminei o namoro.
Logo depois, namorei um cara que, ao contrário, gostava tanto da minha filha, que quis casar comigo e ter mais filhos. Quem ficou apavorada fui eu, porque percebi que ele não sabia direito o que significava ter filhos.
Hoje, não quero mais me casar: eu apenas flerto. Ando mais mandona e, quem não quiser levar o pacote todo (mulher e mãe), vai ficar querendo.

Rita Selke, 37, é artista plástica.

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