São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Testemunha ignora razão de ser chamada

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A única testemunha de defesa que deporá no julgamento de Paula Thomaz não sabe por que foi convocada pelo advogado da ré, Carlos Eduardo Machado.
"Fiquei surpresa. Não tenho nada de especial para falar que possa facilitar para a Paula", disse à Folha a jornalista Paula Máiran, 29.
A única relação entre ela e a acusada é uma reportagem que Paula Máiran fez em abril do ano passado, para o jornal "O Dia", onde trabalha. Máiran mostrou o dia-a-dia de Paula na prisão.
O julgamento está marcado para a próxima quarta-feira, no 2º Tribunal do Júri, no Rio. Paula Thomaz é acusada de participar do assassinato da atriz Daniella Perez, no dia 28 de dezembro de 1992, na Barra da Tijuca (zona sul).
O ex-marido de Paula, Guilherme de Pádua, foi condenado em janeiro a 19 anos de prisão.
A reportagem
Fazendo-se passar por uma estelionatária condenada, Máiran passou 48 horas na mesma cela de Paula na carceragem da Polinter, em Campo Grande (zona oeste).
Depois, ela publicou no jornal um texto, em primeira pessoa, narrando o cotidiano de Paula na prisão. O texto era assinado por uma suposta "M., estelionatária, 30 anos".
Segundo Máiran, o objetivo foi fazer "o retrato mais minucioso possível" da vida da ré na cadeia.
"A matéria mostrava uma mulher sem aquele estereótipo de bruxa que as pessoas têm dela. Eu mesma tinha essa opinião. Mas vi uma pessoa como qualquer outra, que está presa e deprimida. Não vi nada contra a imagem dela."
Segundo a jornalista, houve quem visse a reportagem como uma defesa da Paula. "Em momento algum fiz defesa ou ataque. Era só uma reportagem."
Máiran conta que Carlos Eduardo Machado jamais a procurou para conversar sobre o júri. "Não entendo a estratégia dele", diz, declarando-se "ansiosa".
Hipóteses
A decisão de convocar Máiran pode ter duas explicações:
- Provar que Paula Thomaz é uma pessoa normal, incapaz de participar de um homicídio.
- Com o espírito oposto, mostrar como os meios de comunicação fizeram de tudo para "manchar" a dela, a ponto de colocar uma "espiã" na prisão -linha mais provável, considerando a defesa adotada no julgamento de Guilherme de Pádua.

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