São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
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Dois estudos sugerem outros blocos Acadêmicos propõem opções CLÓVIS ROSSI
Renato Baumann, da UnB (Universidade de Brasília), prefere apostar na irmã menor da Alca, a Alcsa (Área de Livre Comércio Sul-Americana), que seria formada, como o nome indica, só pelos países da América do Sul. Baumann comparou o potencial de exportações brasileiras para os países da Alca e os da Alcsa. Resultado: "Há uma superposição muito grande", diz Baumann. Logo, o Brasil poderia perfeitamente apostar na Alcsa, ganhando no lado das exportações, sem o risco de enfrentar a concorrência norte-americana no seu próprio mercado, inevitável com a Alca. "O ganho em penetração de mercados com a Alca seria inferior ao risco de miamização", diz o pesquisador da UnB. É uma visão que abre enormes sorrisos no Itamaraty e até no presidente Fernando Henrique Cardoso, afinal o autor da proposta da Alcsa, quando era chanceler no governo Itamar Franco. "Até 2005, vejo com mais facilidade uma área de livre comércio aqui, na América do Sul", disse FHC à Folha, em conversa recente. No governo, o cálculo que se faz sobre a potencialidade da Alcsa parte dos mesmos números esgrimidos pelos Estados Unidos. Se, em 2010, a América Latina será, para os EUA, um mercado do tamanho de União Européia e Japão, somados, o Brasil "seria, alternativamente, o país que mais se beneficiaria desse dinamismo econômico latino-americano", ouviu a Folha junto ao governo. Ou seja, se sair a Alcsa, mas não a Alca, o Brasil concorreria em condições vantajosas com os EUA nos mercados sul-americanos. Já Lia Vals Pereira (FGV-Fundação Getúlio Vargas) comparou as vantagens de o Brasil integrar-se à Alca ou à União Européia, com a qual o Mercosul também negocia zona de livre comércio, igualmente marcada para começar em 2005. Resultado: "O ganho é maior com a UE do que com a Alca", diz. A explicação é simples: para o mercado norte-americano (que representa 88% do total da Alca, se incluídos México e Canadá), o Brasil exporta mais produtos manufaturados, que já gozam de certas vantagens. Para a União Européia, as exportações são, essencialmente, de produtos agrícolas, cuja penetração é limitada pelo protecionismo. Derrubadas as barreiras européias, o Brasil ganharia mais. Fator investimento Cláudio Frischtak, o vice-presidente da Worldinvest, defende com todo o entusiasmo a integração com os Estados Unidos. "A experiência histórica demonstra que o fator investimento é mais importante do que o comércio", diz Frischtak. Ou seja, as perspectivas de investimento que se abririam com a Alca seriam tão positivas que superariam, com folga, qualquer eventual dificuldade na área comercial decorrente do acordo. Texto Anterior: Classe média pagará mais ao INSS a partir de junho Próximo Texto: O desafio da Alca Índice |
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