São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Genes dos pais 'brigam' dentro do embrião

DA "NEW SCIENTIST"

Os genes "marcados" de um camundongo fêmea levam a proles com cérebros grandes e corpos pequenos, enquanto genes paternos fazem o contrário. Isso parece apoiar a teoria popular da "guerra genética parental", usada para explicar a "impressão genética" -onde genes são "ligados" somente quando herdados de um dos pais em particular.
Em 1991, David Haig, da Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts, e Tom Moore, do Instituto Babraham, perto de Cambridge, Reino Unido, sugeriram que, para "produzir" um bebê grande com boa chance de sobrevivência, os genes do pai lutam para gerar um feto "guloso".
Os genes da mãe, ao contrário, tentam restringir o crescimento do feto, a fim de salvaguardar a sua habilidade de ter outras gestações e, assim, espalhar os seus genes.
O pai não está interessado no futuro da prole da mãe, argumentam os pesquisadores, porque outro poderia se tornar o pai dessa prole.
"Isso cria um conflito de interesses entre os genes paternos e maternos dentro do embrião", disse Haig.
A teoria foi inspirada na descoberta de dois genes "marcados" em camundongos. Um deles, "ligado" somente quando herdado do pai, é responsável pelo fator 2 de crescimento, que estimula o crescimento fetal. O outro, "ligado" quando herdado da mãe, é responsável por um "falso receptor", que impede o crescimento "consumindo" esse fator.
A despeito da descoberta dos embriões com cérebros grandes e corpos pequenos, a teoria de Haig e Moore parece estar caindo. Muitos genes "marcados" desde 1990 não se ajustam à teoria e não mostram resultado em testes experimentais.

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