São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
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LIBERDADE DE APRENDER O caderno Mais!, desta Folha, recuperou o debate sobre a polêmica escola britânica Summerhill, cujos alunos têm elevado grau de liberdade para escolher o que desejam aprender e criar, com os professores, regras para a comunidade escolar. Criticada por marxistas e desconsiderada pelas pedagogias que privilegiam os conteúdos programáticos, a escola completa 50 anos e ainda hoje estimula a reflexão sobre alternativas para os processos educacionais. A.S. Neill, o fundador de Summerhill, fundamentou sua pedagogia no princípio de que a prática da liberdade teria eficácia pedagógica e mesmo reabilitadora. Aboliu a disciplina imposta pelo professor, a obrigatoriedade de assistir às aulas e a pregação moralista. Os estudantes procurariam então se autogovernar. O desenvolvimento emocional, para Neill, é mais importante que o intelectual. Este acabaria ocorrendo no ritmo de cada aluno, segundo Neill. Para ele, a ênfase no disciplinamento e o desprezo pela educação das emoções explicariam, por exemplo, a facilidade com que emergiram sentimentos indomáveis de ódio e crueldade na Alemanha nazista. Ao pedagogo, a profissionalização interessava menos que a formação para a tolerância. Essa postura pode não servir de modelo único para as escolas, mas ao menos indica um caminho. O caso dos jovens que assassinaram o índio pataxó é emblemático de uma geração alheia à coletividade e incapaz de solidariedade. Para o psiquiatra norte-americano Robert Coles, da Universidade Harvard, os educadores contemporâneos ainda privilegiam o aspecto intelectual da aprendizagem, em detrimento da formação moral. A maioria das escolas brasileiras nem sequer consegue um bom desempenho na transmissão do saber. Mas terão ainda que vencer o desafio de criar um espaço para discutir livremente os temas relacionados com cidadania e solidariedade. Texto Anterior: ABERTURA NOS PORTOS Próximo Texto: Criador x criatura Índice |
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