São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Flácido como gelatina

MIRNA FEITOZA

Especialistas dizem que a substância não combate a flacidez
Se você está entre os que acreditam que comer gelatina diariamente ajuda a combater a flacidez, comece a repensar a idéia.
Comer gelatina não dá firmeza aos tecidos da pele. Quem afirma isso é o bioquímico Julio Tirapegui, professor do departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. "O mito é que, ao comer 100 g de gelatina, você forma 100 g de colágeno. Isso não é verdade", diz.
Segundo ele, os aminoácidos fornecidos pela gelatina formam todo tipo de proteína, que também podem se converter em colágeno -responsável pela rigidez dos tecidos. "Mas numa pequena quantidade e somente se o organismo necessitar", afirma.
O problema é que "o combate à flacidez não é uma prioridade para o organismo", explica Tirapegui. Portanto, a transformação dos aminoácidos da gelatina em colágeno não é tão frequente como se imagina.
Além disso, ele diz também que a gelatina não é constituída de todos aminoácidos responsáveis pela formação de proteínas e, consequentemente, de colágeno. Faltam a ela dois aminoácidos importantes: a metionina e o triptofano. "Basta que falte um para que o processo de síntese de proteínas e colágeno não ocorra", diz o professor.
O "mito" de que o consumo de gelatina ajuda no combate à flacidez pode estar relacionado à origem animal desse produto. A gelatina é industrializada a partir de vísceras, tendões, peixes e músculos, ricos em proteínas e colágeno. Mas, segundo Tirapegui, com o processo químico e o aquecimento, o colágeno se transforma em gel e perde a rigidez. "Ele perde suas características e vira gelatina", diz.
Consenso
Os dermatologistas concordam que a gelatina realmente não enrijece os tecidos musculares. "O que resolve efetivamente são atividades físicas constantes, e não o fato de ingerir gelatina", diz a dermatologista Shirlei Borelli.
Segundo o dermatologista José Alexandre Sittart, diretor do serviço de dermatologia do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, a flacidez pode ter origem hereditária, hormonal ou vascular. Isso quer dizer que, nesses casos, a gelatina é de pouca ou nenhuma utilidade.

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