São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Baixa fecundidade

Cerca de 11,7 milhão de brasileiras nunca vão comemorar o Dia das Mães. São as mulheres de mais de 45 anos que não tiveram filhos e já passaram da idade fértil. Elas são uma exceção-representam 11% desse grupo de mulheres mais velhas.
A grande maioria das brasileiras tem filhos. Segundo os dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE) de 1995, apenas 32% das mulheres com mais de 15 anos nunca engravidaram. Mesmo assim a taxa de fecundidade no Brasil está caindo. Em 1970, era de 5,8 filhos por mulher. Segundo estimativa para 1996, baixou para 2,5.
A queda do índice de natalidade chama ainda mais a atenção nos países desenvolvidos. Uma pesquisa governamental divulgada em março na Inglaterra mostra que 20% das mulheres dizem não querer ter filhos nunca. Segundo os demógrafos ingleses, dados semelhantes sobre o nível de relutância acerca da maternidade só são comparáveis aos das mulheres nascidas na década de 20 -criadas durante a Depressão e "casadas" em um mundo que caminhava para a guerra mundial.
Preocupados com esses números, os governos de alguns países já apresentam medidas que tentam reverter esse quadro. A Suécia, por exemplo, oferece incentivos como 15 meses de licença no trabalho para o casal (o homem e a mulher dividem esse tempo, conforme suas necessidades), com remuneração de 75% do salário nesse período. A criança também ganha, até os 16 anos, cerca de US$ 90 por mês.
Segundo o psicanalista Contardo Calligaris, um dos motivos que levam os casais a não quererem crianças é que, principalmente nos países desenvolvidos, o "tempo de sucesso" é muito rápido.
"As pessoas têm filhos para projetar seus desejos e expectativas, isto é, querem que os filhos realizem tudo aquilo que os pais não conseguiram. Mas, se eles conseguem se realizar no tempo de uma vida, para que delegar essa tarefa para crianças?".

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