São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Tudo por um filho

No extremo oposto das mulheres que acham dispensável ter filhos, existem outras que mudaram radicalmente suas vidas, abandonando ou sacrificando suas carreiras profissionais, para ser mãe.
Malu Mader, 30, no início deste ano, foi escolhida para ser "a justiceira", do seriado de mesmo nome, em que a Rede Globo estava investindo R$ 18 milhões. Após gravar quatro capítulos, descobriu que estava grávida.
O seriado foi cortado de 32 capítulos para 12 (que ainda podem ser subdivididos em outros), sua participação nas cenas diminuiu, o corpo modelado por musculação especialmente para parecer sensual deu lugar a roupas largas, e a prioridade virou o bebê.
"Eu e o Tony (o titã Tony Belotto, seu marido) planejávamos ter um outro filho bem mais tarde. Mas, quando fiquei sabendo da gravidez, não pensei duas vezes para dar prioridade ao bebê. Foi um presente essa gravidez inesperada, porque eu esperei três anos para ter meu primeiro filho (João, 2 anos)", diz.
Agora, com seis meses de gravidez, Malu está inteiramente voltada à maternidade. Ela também desistiu de atuar em dois filmes, que havia planejado para este ano e só volta a trabalhar após o período de amamentação da criança, como fez com seu primeiro filho. "Só vou trabalhar se for em algum papel pequeno. Dou muito valor para a maternidade. Se eu não tivesse sido mãe, ficaria frustrada", afirma.
Mãe de família
Até os 38 anos, a ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, 43, só pensava em sua carreira. Depois de deixar o cargo no governo Fernando Collor de Mello, casou-se com o humorista Chico Anysio, 66, teve dois filhos (Rodrigo, 4, e Vitória, 2) e tornou-se uma verdadeira "mãe de família".
"Sempre quis ter filhos, mas me dediquei muito à profissão e não me preocupei com o lado pessoal", diz.
Zélia explica que não encerrou sua carreira, apenas a interrompeu. "Pretendo até retornar, provavelmente para o meio acadêmico, mas quando eles estiverem maiores. Acho que nesta fase -em que eles são muito pequenos, e a personalidade está sendo formada-, precisam da mãe por perto."
Ainda assim ela acredita ser possível conciliar o papel de mãe com a carreira: "Não é preciso abdicar da profissão para criar os filhos. O problema é a culpa: de estar mais no trabalho do que com os filhos ou o contrário. Tive a sorte de não precisar ficar dividida", conclui.
Agora, mais uma vez em função dos filhos, o casal Chico Anysio e Zélia Cardoso de Mello está planejando também mudar de país. A partir do mês que vem, eles estarão morando -definitivamente- em Nova York, nos EUA. "Sempre quisemos educar nossos filhos no Primeiro Mundo", diz o humorista.
Com Deise Cristine Moyses, 27, tudo aconteceu mais cedo. Aos 22 anos, ela deixou para trás o curso na oficina de teatro de Antunes Filho, o emprego promissor em uma agência de atores e o namorado, com quem morava havia três anos, para ter sua filha, Carolina, 4.
"Eu não queria ter filhos e me afastei de tudo por vergonha. Mas, com sete meses de gravidez, parece que acordei, voltei para a casa da minha mãe e me dediquei ao bebê", conta.
Depois do parto, Deise conta que seu instinto maternal se revelou. "Fiquei mais responsável. Hoje, quando procuro crescer profissionalmente ou voltar a estudar, faço pensando na Carolina. Também quando quero me divertir, ela está sempre incluída."
Deise trabalha hoje como assistente de "casting" em uma produtora de filmes publicitários, escolhendo modelos para as propagandas. Para cuidar da filha, que só fica na escola meio-período, conta com a ajuda da mãe. "No começo, estava receosa, minha vida ficou confusa. Agora, nem sinto saudades da minha época no teatro. Apesar de todas as dificuldades, Carolina mudou minha vida para melhor."

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