São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Para Covas, operação da PM foi legítima

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas disse ontem que a ação da PM na desocupação da Fazenda da Juta foi legítima e que não via motivo para afastamento de oficiais ligados direta ou indiretamente ao caso -embora tenha considerado o episódio "lamentável".
"Não há lógica para alteração na Polícia Militar. Eu não vi nenhum fato que justificasse admitir que a polícia agiu arbitrariamente", afirmou Covas, perguntado sobre o possível afastamento do comandante da operação, tenente-coronel João Izaias Boscatti, ou do comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa.
O governador atribuiu a legitimidade da ação ao cumprimento da ordem de reintegração de posse imposta pelo juiz Antonio Carlos Ribeiro dos Santos.
Covas se baseou nos relatos dos quatro oficiais de Justiça que afirmaram que a polícia foi recebida a "pedras e paus" pelos invasores.
Oficiais contaram que teriam ouvido uma rajada de metralhadora provavelmente disparada por invasores. No entanto, os oficiais disseram não ter visto sem-teto com armas de fogo.
O governador mostrou três fitas da desocupação -uma da TV Cultura, outra do CDHU e uma terceira das construtoras- alegando a "transparência do caso".
Segundo Covas, as imagens mostram que o tenente-coronel Boscatti "foi agredido quando tentava negociar a retirada dos invasores".
O coronel Lisboa não comentou o fato de os PMs não terem usado balas de borracha na ação.
"O Executivo cumpre ordens judiciais. Se o juiz determinar outra vez a desocupação, não temos outra alternativa senão cumpri-la", disse Mário Covas.
"Não pode um grupo (o de invasores) permanecer nos prédios em detrimento de todo o restante da população. Este grupo tem necessidade de moradia como qualquer outro", disse o governador.
Segundo ele, na noite anterior à desocupação, o governo teria oferecido "alternativas para o deslocamento dos ocupantes".
Em nota oficial, o Comando de Policiamento Metropolitano de São Paulo afirmou que os policiais foram recebidos com violência.
"Na Fazenda da Juta os quatro oficiais de Justiça e Policiais Militares foram recebidos a tiro e pedradas de forma agressiva pelos invasores. Neste confronto, o tenente-coronel Boscatti foi cercado pelos invasores e sua viatura depredada. Frente à violência praticada pelos invasores, o policiamento no local composto de efetivo do Regimento de Cavalaria, do Choque, e da Área reagiu àquela agressão", diz a nota.

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