São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Governo aceita estudar a redução de jornada

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Trabalho, Paulo Paiva, afirmou ontem que proporá a criação de um grupo interministerial para estudar a redução da jornada de trabalho, mas criticou a associação dessa idéia à proposta de diminuição de impostos.
"Vou verificar quais são as visões dos diferentes ministérios para propor uma questão desse tipo (a criação do grupo)", afirmou Paiva. "A inclusão de questões fiscais torna esse contrato (de redução) muito mais difícil."
A proposta foi apresentada pela Força Sindical e prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 30 horas semanais.
Propostas têm sido apresentadas por sindicalistas como estímulos à criação de novos empregos. Seu objetivo é levar as empresas a contratar mais gente, a custo menor, a curto prazo, e estancar o desemprego.
Segundo Paiva, a redução de tributos só pode ocorrer se houver diminuição das despesas públicas. Ele lembrou que, quando foi discutido o contrato temporário de trabalho, foi contrário ao corte nas contribuições previdenciárias.
"É de se perguntar: quem vai contribuir para o equilíbrio das contas da Previdência Social?", perguntou, lembrando que o governo não é contra a redução da jornada negociada entre patrões e empregados.
Paiva deu entrevista após abrir o segundo painel do 9º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O tema do painel foi "Emprego e Crescimento".
Salários crescem
O economista José Márcio Camargo, que também participou do painel, afirmou que, entre julho de 1994 e janeiro de 1997, o custo unitário do trabalho na indústria -onde o emprego mais tem diminuído- aumentou, em dólar, 37%. Do total do aumento, 17% correspondem à variação do salário real acima da produtividade; 21%, à política cambial; e 62%, a diferenças de preços relativos.
"Existe uma perda de competitividade da economia brasileira, e, se você quer resolver o problema, não é pela política cambial", afirmou. "Uma desvalorização cambial tenderia a aumentar todos os preços da economia."
Outro participante do painel, o economista Edward Amadeo, disse que o salário real em dólares cresceu 60% de agosto de 1994 a janeiro de 1997.
Ele disse que um "ajuste recessivo" cairia mais sobre os salários que sobre os empregos.
"A renda total de 1993 para cá aumentou 20%", afirmou. "Podemos trazer isso para a metade e voltar a crescer."

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