São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Times milionários têm instabilidade emocional

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A impressão que se tem é a de que essa cartolagem sofre de ejaculação precoce: reserva a maior parte do tempo disponível para uma longa e bocejante espera; na hora do "vamovê", no instante em que o campeonato pega fogo, é fátuo -uma rapidinha e ciao.
Sim, porque se Palmeiras e Corinthians apresentam-se com elencos milionários e melhores campanhas, vivem um momento de instabilidade emocional. O Palmeiras, por conta das defecções de última hora: Luxemburgo, Brunoro e, agora, Luizão, cuja saída está na raiz dos destemperos de Djalminha.
Com Luizão ao lado de Viola, formando uma dupla de artilheiros infernais, Djalminha ficava na sua, um pouco mais atrás -uma espécie de número 1 de Zagallo-, metendo aquelas bolas mágicas para seus companheiros e chegando também para as conclusões.
Agora, enfiaram-no lá na frente, onde mais acirrada é a marcação inimiga. Resultado: a um só tempo, o Palmeiras perdeu um ponta-de-lança veloz e agressivo e um meia cerebral e habilidoso. Resumindo: transformou o arco em flecha.
Mesmo assim, completinho, é time para meter a mão na taça.
Já o Corinthians, além do timaço, que funciona a todo o vapor quando acionado lá de trás pela dupla de médios Fábio Augusto e Silvinho, tem ainda por cima o reforço da Fiel, que, nesses casos, costuma ser fator decisivo.
Mas esse Corinthians, que atingiu o paroxismo no período das goleadas sobre Palmeiras e Atlético-PR, nas últimas rodadas vem transmitindo uma sensação de inexplicável "desoncerto", com "c", no sentido musical mesmo, harmônico. É como se tantos virtuoses carecessem da batuta de um maestro que lhes contivesse o ímpeto da exibição perfeita que desanda em descompasso.
Mas isso pode ser corrigido com um tempo de atenção maior, um gol em vibrato, um drible altissonante que conduza todos, de súbito, à partitura e ao compasso exato.
Aí o Corinthians passa a perna no Palmeiras.
Mas isso terá de acontecer já no primeiro confronto, contra o Santos, aquele que se reserva o papel da grande surpresa destas finais.
Graças ao talento de Luxemburgo, esse Santos conseguiu se afinar no momento certo -às vésperas da decisão. Mesmo sem uma de suas três estrelas -Vágner, que teve em Élder um substituto à altura (como joga esse moço!), mas contando com Muller em plena ascensão e Careca chegando no ponto, o Santos é seguramente o mais equilibrado, taticamente, dentre os candidatos ao título paulista.
Já disse aqui, tempos atrás, que, se passasse pelo funil, o Santos chegaria às finais para ser campeão. Não retiro uma vírgula.
Resta, pois, o São Paulo, a zebra. Entra com a camisa, Denílson e a dupla Dodô-Aristizábal. E, com a cuca fresca, o que pode vir a ser fatal. Para os outros.

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