São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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A estratégia da oposição

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governo já deixou claro o que vai fazer com o escândalo da compra de votos para a reeleição.
Se depender do Palácio do Planalto, dois bagrinhos acreanos serão cassados. E fim. As poderosas Assembléias Legislativas do Acre e do Amazonas serão convidadas a investigar o resto.
Já a estratégia da oposição é um pouco mais complexa. Pela primeira vez, os partidos do contra têm uma chance de questionar um erro verdadeiramente grave do governo FHC.
Por ser um momento rico para a oposição, os movimentos dos próximos dias terão uma precisão cirúrgica.
Por exemplo, o PT decidiu aguardar um pouco mais para entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a suspensão do trâmite da reeleição no Senado.
Embora houvesse sinais do STF sobre o eventual sucesso que essa ação teria, os petistas preferiram não correr esse tipo de risco.
Não é hora de correr riscos. "Uma eventual derrota no Supremo seria um golpe ruim de assimilar, num momento em que precisamos colecionar vitórias", diz o presidente nacional do PT, o ex-deputado federal José Dirceu.
O PT busca, agora, agregar o maior número de forças sociais ao redor da idéia de criar uma CPI da reeleição. "Esse é o objetivo maior no momento. Depois, podemos entrar com uma ação no Supremo para bloquear a votação da emenda da reeleição em segundo turno no Senado", diz o deputado José Genoino (PT-SP), um dos principais porta-vozes do seu partido.
Por tudo isso, a emenda da reeleição deve passar hoje no Senado. Salvo solavancos de última hora.
Enquanto os senadores estiverem aprovando a reeleição, os deputados estarão conhecendo o relatório da comissão de sindicância sobre o escândalo. Pífio, esse documento deve apenas recomendar a cassação dos já famosos Ronivon Santiago e João Maia, considerados réus confessos.
É a divulgação desse relatório que deve, na opinião do PT e da oposição em geral, vitaminar o sentimento a favor da CPI da reeleição. A conferir.

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