São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Renúncia é para vencer, diz advogado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Paulo Goyaz -contratado por Ronivon Santiago e João Maia- disse que os dois renunciaram para evitar a humilhação pública da cassação. "Vamos tirar a discussão de um foro político, no qual já está claro e público que eles seriam cassados."
Segundo Goyaz, 41, a comissão de sindicância não permitiu que Ronivon e Maia se defendessem, ao negar acesso às fitas e ao laudo pericial. Para ele, na Justiça, os dois terão condições de provar que não participaram de nenhum esquema de compra de votos.
O advogado informou que Ronivon e Maia estão decididos a concorrer a deputado nas eleições do ano que vem. Ele afirmou que está "tomando medidas judiciais contra a Folha" e contra outras pessoas. A seguir trechos de entrevistas concedidas por Goyaz ontem de manhã na Câmara:
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Pergunta - Por que os deputados renunciaram?
Goyaz - Para preservar a família. Os dois deputados reiteram que são inocentes. A partir de hoje nós já estamos tomando as medidas judiciais contra a Folha e contra outras pessoas que nós entendemos de direito. Na Justiça nós temos o direito de produzir provas e, acima de tudo, fazer uma perícia digna nessas fitas, o que nos foi cerceado aqui na Câmara.
Pergunta - Eles confirmam que o "Senhor X" é o Narciso Mendes?
Goyaz - Não confirmamos nada. A única coisa que confirmamos é que o deputado João Maia e o deputado Ronivon desconhecem qualquer esquema de corrupção ou de compra de votos aqui na Câmara.
Pergunta - Vocês contestam o laudo das fitas?
Goyaz - Nós não tivemos acesso ao laudo da Unicamp, assim como às fitas. Não posso questionar o que não conheço.
Pergunta - Essa decisão foi para evitar a cassação dos direitos políticos?
Goyaz - Nós sabemos que, em função da renúncia, não pode a Comissão de Constituição e Justiça apreciar a matéria. Nós fizemos a renúncia para que se possa discutir essas provas no foro mais adequado desse país que é o Supremo Tribunal Federal.
Pergunta - A renúncia não é uma confissão de culpa?
Goyaz - Quando se renuncia muitas vezes é uma forma de recuar para vencer. Eu tenho certeza da inocência dos meus clientes pelas conversas que nós tivemos e reiterando aquele ponto: não houve compra de votos por qualquer deputado, por qualquer ministro, por qualquer governador, por qualquer senador ou por quem quer que seja, pelo menos em relação aos meus clientes.
Pergunta - O que eles vão reivindicar na Justiça?
Goyaz - Primeiro provar a situação dessas fitas. Segundo, a volta da honrabilidade (sic) deles que foi bastante denegrida neste momento. Terceiro, garantir para que nas próximas eleições -e eles serão candidatos pelo Acre- possam concorrer de cabeça erguida.
Vamos provar para a nação brasileira que essas fitas são uma fraude. Assim como o "Senhor X" é uma fraude. Que houve interesses econômicos de um jornal -que publicou o número de um telefone para cobrar para ouvir as fitas.
Pergunta - Serão tomadas medidas contra o PFL que expulsou os dois?
Goyaz - Nós entraremos com um recurso da decisão do PFL que, diga-se de passagem, é anti-regimental. Vamos recorrer ao diretório nacional. Eles vão voltar ao PFL.

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