São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Covas diz não que não vê razão para punir policiais envolvidos

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), disse ontem não ter "nenhuma razão" para punir qualquer dos policiais militares envolvidos anteontem no confronto com os invasores do conjunto habitacional da Fazenda da Juta, em São Mateus (zona leste), que resultou na morte de três pessoas (sendo dois sem-teto).
"Você não pode afirmar nem eu posso afirmar que os tiros que mataram as pessoas foram disparados pela polícia", disse Covas ontem.
Ele disse que espera o resultado dos inquéritos policiais e da perícia para tomar qualquer decisão.
"Não me peçam que tome decisões em cima de pressupostos que eu não consigo materializar através do que enxergo. Para isso, foram abertos dois inquéritos, que estão sendo acompanhados pela Promotoria Pública, um na Polícia Civil, outro na Polícia Militar."
O governador disse que não viu nas imagens, feitas por emissoras de TV, os policiais usando revólveres, mas apenas os cassetetes. "Eu não vi policial dando sequer uma cacetada em ninguém. Vi muita pedra sendo jogada neles e ouvi tiros", afirmou.
Covas disse que, de acordo com relatos dos oficiais de Justiça, tiros de metralhadora teriam vindo do lado dos invasores.
"Eu também não tenho como verificar isso. Os filmes não me mostraram isso, nem eu vi nenhum invasor com arma na mão."
Covas disse que estão querendo jogar "a responsabilidade nas costas da polícia".
"Ninguém pergunta se aqueles cidadãos tinham o direito de tirar as casas que vão pertencer a gente que precisa de casa como eles."
Segundo Covas, desde que assumiu o governo do Estado, já foram cumpridas mais de 200 reintegrações de posse "sem que em nenhuma delas tivesse ocorrido qualquer incidente".

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