São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Testemunhas acusam PM de forjar bombas
MARCELO OLIVEIRA
Os representantes estiveram ontem em São Paulo para levantar dados do inquérito que apura a morte dos três sem-teto em conflito com a PM. Os deputados federais disseram que, segundo relatos das testemunhas, as garrafas eram usadas para urinar, já que os banheiros dos apartamentos do Juta 2, da CDHU, ainda não estão prontos. O ponto da investigação mais questionado pelos deputados em encontro com o delegado Antonio Mestre Júnior -titular da 8ª Seccional (São Mateus) e responsável pelo caso-, foi a "varredura" feita pela PM no conjunto habitacional após a reintegração de posse. A deputada Marta Suplicy (PT-SP) perguntou por que a Polícia Civil não estava presente. Segundo Mestre, o juiz responsável pela ação de reintegração de posse, Antonio Carlos Ribeiro dos Santos, da 3ª Vara Cível de Itaquera, ordenou que a varredura fosse feita pela PM. Os deputados também se encontraram ontem, no Palácio dos Bandeirantes, com os secretários da Segurança Pública, José Afonso da Silva, da Casa Civil, Walter Feldman, o comandante geral da PM, coronel Claudionor Lisboa, com o presidente da CDHU, Goro Hama, e o tenente-coronel João Izaias Boscatti, comandante do 21º Batalhão da PM, responsável pela área onde ocorreu o confronto. O deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), que lidera a subcomissão, disse que o grupo pediu ao governo de São Paulo cópias das fitas de vídeo com imagens do confronto, cópias dos laudos das necropsias das vítimas fatais e o exame da perícia no local. "Nosso relatório só sairá a partir desses documentos", afirmou. Proteção A comissão também pediu ao secretário da Segurança proteção policial para as testemunhas que acusam a PM de ter forjado provas na varredura feita no conjunto. José Afonso disse que a Ouvidoria da Polícia está aberta às testemunhas e que será dada proteção policial àquelas que quiserem. Segundo Miranda, as testemunhas estão dispostas a depor, mas querem garantias. De acordo com o deputado, essas pessoas, cujas identidades não foram reveladas, estariam sendo intimidadas. Miranda afirmou que ainda existem outros pontos a esclarecer. "Como ocorreram os tiros, se não houve ordem? É óbvio que os tiros partiram do outro lado, da PM, mas quem atirou?", questionou. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), disse que a subcomissão que vai apurar o caso não tem poder para punir. "Mas pode evitar acobertamentos, acompanhar o processo e denunciar." Além de Marta, Gabeira e Miranda, estiveram em São Paulo os deputados Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP), Dalila Figueiredo (PSDB-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP). Texto Anterior: Possibilidade de falha da PM é admitida Próximo Texto: Invasor reconhece policial que atirou Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |