São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Para mãe, matador estava 'perturbado'

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL

Maria do Carmo de França, 50, mãe de Genildo Ferreira de França, 27, disse que notou que seu filho estava "perturbado do juízo" desde que o filho dele, Iuri, foi atropelado e morreu há dois anos.
O filho de França tinha 1 ano e meio. Segundo ela, nos últimos dias, o França estava muito agitado e costumava chegar à sua casa demonstrando inquietação. "Ele ficava o tempo todo indo da sala para a horta, no quintal."
"Ele viu toda a cena do atropelamento do filho e ficou muito traumatizado. Ele comprou uma arma e falava em vingança o tempo todo", disse Maria do Carmo.
Evangélica, Maria do Carmo disse que conversou várias vezes com França tentando dissuadi-lo da idéia. "Eu pedia para ele abrir o coração para Deus e esquecer o que tinha passado."
Segundo Maria do Carmo, França ficava ainda mais perturbado quando encontrava o motorista que atropelou seu filho. Ela disse que o autor do atropelamento, cujo nome disse desconhecer, nunca foi punido pela Justiça.
Maria do Carmo afirmou que seu filho deu provas de insanidade num episódio ocorrido no início deste ano. "Um dia, por volta da meia-noite, ele ligou para uma funerária e pediu um caixão. Quando a encomenda chegou, ele ficou rindo com uma arma no coldre."
A mãe de França disse que ultimamente ele estava "muito revoltado" com seu ex-sogro Baltazar Jorge de Sá, que teria espalhado na vizinhança que França era homossexual. Sá foi uma das vítimas.
Para a mãe de França, o boato espalhado por Sá não procedia, "já que ele era muito mulherengo".
Maria do Carmo disse que recentemente França estava andando "com uma turma muito esquisita". "Era um pessoal que gostava muito de beber, eram mal-encarados e parece que fumavam esse negócio que chamam de maconha."
Até a morte de Iuri, ela disse que França sempre foi uma "boa pessoa", carinhosa com a família e agradável com os amigos.
Ela disse acreditar que seu filho cometeu os múltiplos assassinatos porque "abriu canal de sua percepção para o diabo, o inimigo".
(PM)

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