São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Matador já havia comprado próprio caixão

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE

O comerciante Genildo Ferreira de França, 27, já havia comprado um caixão para seu próprio enterro, em outubro de 1995.
Genilson Ferreira de França, irmão de França, disse que ele ligou para uma funerária de Natal e encomendou um caixão. Genilson afirma que França chegou a convidar uns amigos para ajudá-lo a fazer sua cova.
"Foi nesse caso que nós percebemos que o Genildo não estava muito bom da cabeça", diz Genilson.
Segundo ele, os agentes funerários chegaram à casa de França, desconfiaram que ele estava brincando e chamaram a polícia. O caixão nunca foi entregue.
Genilson disse que a polícia encontrou dois revólveres e pelo menos duzentas balas na casa de França.
A mãe de assassino, Maria do Carmo, disse que ele havia desenvolvido gosto pelas armas durante o período em que serviu o Exército, entre 1987 e 1988.
No álbum de fotografias da família, a Agência Folha conseguiu ver pelo menos duas fotografias do filho de França, Mateus, de oito meses, portando armas. Numa delas, Mateus está com o revólver dentro da fralda.
O delegado de Macaíba, Sérgio Leocádio, disse acreditar que França já estava preparando os assassinatos. "Há cerca de dois meses, Genildo vendeu parte de sua mercearia e comprou tudo em armamentos", diz Leocádio.
França utilizou como armas de seus crimes um revólver calibre 38 e uma pistola automática. Em seu poder foram encontradas ainda 104 balas não utilizadas.
Maria de Lourdes de Sá, 42, vizinha de França, perguntou a ele por que estava vendendo seus eletrodomésticos e as mercadorias.
"Genildo respondeu que estava se preparando para fazer uma viagem com vários amigos e que precisava de dinheiro para isso", disse.
Briga
Maria das Neves Silva, tia de Mônica -a mulher de França-, disse à Agência Folha que há cerca de um mês o casal teve um desentendimento e Mônica foi dormir na casa da mãe dela.
"Nós fomos acordados com os gritos de Genildo. Ele dizia que, se Mônica não voltasse para casa, matava a família toda", disse ela.
Segundo Maria das Neves Silva, uma semana depois, Mônica lhe disse que França afirmou que estava preparando uma "viagem", e que pretendia levá-la e a toda a família. Francisco José de Assis, vizinho de França, disse à Agência Folha que conversou com ele há cerca de cinco dias. "Ele me falou que seus detratores e devedores iam ter uma recompensa brevemente."

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